Publicado em 24 de junho de 2025 às 14:38
Quando junho chega, o Brasil inteiro se transforma: tem fogueira, bandeirinha, comida de milho, quadrilha e muita animação. Mas por trás da festa, existe também um calendário religioso e cultural muito forte: o das celebrações aos Santos Juninos. Santo Antônio, São João, São Pedro e, na tradição da Amazônia, até São Marçal entra na roda.
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O Roma News conversou com o professor de história e cientista da religião, Márcio Neco, que trouxe curiosidades sobre esses santos do mês e como a cultura brasileira, especialmente a amazônica, ressignificou essas figuras religiosas ao longo do tempo.>
Santo Antônio (13 de junho) - O “santo casamenteiro”>
Santo Antônio é conhecido por ajudar quem está em busca de um amor. É por isso que, todo mês de junho, muitas simpatias são feitas para conquistar ou manter um relacionamento. Mas ele também é lembrado por sua dedicação aos pobres e pela sua eloquência como pregador.>
A fama vem de histórias antigas em que Santo Antônio ajudava moças sem dote a se casarem. Ele também teria reconciliado casais e feito “milagres do amor”, ganhando o apelido de “santo casamenteiro”.
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Com o tempo, surgiram simpatias populares como:>
• Colocar a imagem do santo de cabeça para baixo até o pedido ser atendido.>
• Esconder a imagem ou tirar o Menino Jesus dos braços dele.>
• Comer o Pão de Santo Antônio para nunca faltar comida (e, quem sabe, um amor).
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É por causa dessa fama que o Dia dos Namorados no Brasil é comemorado em 12 de junho, véspera do dia do santo. A ideia surgiu em 1949 por meio de uma campanha publicitária que uniu fé e comércio, e pegou!>
São João Batista (24 de junho) - O mais festejado>
Segundo o professor Márcio Neco, São João “encabeça todas as festas juninas”, tanto que elas também são chamadas de Festas Joaninas. Mas aqui no Brasil, ele ganha um toque especial: ao contrário do João adulto que batizava no deserto, celebramos o São João Menino, aquele cheio de alegria e inocência, ressignificado pela nossa cultura popular.>
Curiosidades segundo Márcio Neco:>
• Dizem que na véspera do seu dia, São João dorme, porque gastou toda a energia brincando no dia de Santo Antônio.>
• A fogueira e os balões não são apenas símbolos da festa: servem para acordá-lo!>
• A fogueira de São João tem o formato tradicional e aponta o caminho para Jesus Cristo, reforçando seu papel como “aquele que anuncia”.>
E na Amazônia, duas tradições ganham destaque:>
• O banho de cheiro, com ervas aromáticas como manjericão, alfazema e patchouli, é uma forma simbólica de purificação e boas energias.>
• E a charmosa capelinha de melão, uma pequena igrejinha feita com a casca da fruta, decorada com velas e fitas, pura expressão da fé popular.>
São Pedro (29 de junho) - O guardião do céu e padroeiro dos pescadores>
São Pedro foi o primeiro papa da Igreja e é considerado o porteiro do céu. Mas no Brasil, especialmente em cidades ribeirinhas e litorâneas, ele também é reverenciado como padroeiro dos pescadores.>
Ainda segundo Márcio Neco:>
• A fogueira de São Pedro tem formato triangular, representando a Santíssima Trindade.>
• É uma das festas mais antigas no Brasil, com registros históricos de devoção desde os tempos coloniais.>
• Em várias cidades ribeirinhas, é comum ver procissões fluviais e bênçãos das águas em sua homenagem.>
Mas e São Marçal falado no início? Ele é celebrado dia 30 de junho>
Pouco conhecido fora da Amazônia, São Marçal entra no calendário como uma expressão da fé regional, lembrado principalmente em cidades do interior. Segundo Márcio Neco, “ele representa o encerramento simbólico do ciclo junino, especialmente no norte do país.”>
São Marçal é padroeiro dos Bombeiros e participou da vida de Jesus Cristo com os apóstolos.>
Apesar de não ser considerado santo, a imagem de São Marçal carrega objetos utilizados por sacerdotes como báculo, capa magna e mitra, itens litúrgicos usados em celebrações solenes.>
No Brasil, São Marçal é celebrado com fogueiras de paneiros e palhas secas encerrando o período junino.>