Pará completa dois anos sem ataques de 'novo cangaço' a bancos

Investimentos em tecnologia, inteligência policial e integração das forças de segurança são apontados como fatores decisivos para a queda nos índices desse tipo de crime violento

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 15:15

O Estado do Pará alcançou uma marca histórica ao completar dois anos sem registrar ataques de roubo a banco na modalidade conhecida como “novo cangaço”
O Estado do Pará alcançou uma marca histórica ao completar dois anos sem registrar ataques de roubo a banco na modalidade conhecida como “novo cangaço” Crédito: Agência Pará 

O Estado do Pará alcançou uma marca histórica ao completar dois anos sem registrar ataques de roubo a banco na modalidade conhecida como “novo cangaço”. Esse tipo de crime, caracterizado pela ação de quadrilhas fortemente armadas que sitiam cidades inteiras, já foi frequente em território paraense. O resultado é atribuído às ações integradas das forças de segurança e ao fortalecimento das estratégias de prevenção, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), com base nas análises da Secretaria-Adjunta de Inteligência e Análise Criminal (Siac).

O último registro dessa prática criminosa no Pará ocorreu em 8 de setembro de 2023, na cidade de Viseu, no nordeste do Estado. Na ocasião, o caso foi totalmente esclarecido e os envolvidos foram presos. A redução se torna ainda mais expressiva quando comparada a 2018, ano em que foram contabilizados 19 episódios semelhantes. O cenário confirma uma queda de 100% nesse tipo de ocorrência, consolidando um avanço na política de segurança pública adotada pelo governo estadual.

De acordo com o secretário de Segurança Pública, Ualame Machado, o desempenho positivo não significa relaxamento das medidas. “Mesmo sem ocorrências há dois anos, mantemos um grupo de trabalho voltado para monitoramento constante e para definição de estratégias preventivas. A integração entre as forças de segurança e os investimentos em tecnologia nos permitem agir de forma rápida, investigando e elucidando crimes antes que se tornem recorrentes”, destacou o titular da pasta.

Nos últimos sete anos, o governo estadual fortaleceu a estrutura de combate ao crime organizado, com investimentos na Delegacia de Repressão a Roubos a Banco e Antissequestro e na criação da Delegacia de Repressão a Facções Criminosas (DRFC), vinculada à Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO). Além do reforço estrutural, a qualificação profissional tem sido prioridade, com cursos e treinamentos que preparam agentes para atuar em situações de alta complexidade, como simulados técnicos de ataques a instituições financeiras e empresas de transporte de valores.

O delegado Felipe Castro, diretor da especializada que atua no enfrentamento a roubos a bancos, reforça a importância da capacitação contínua. Segundo ele, além de dois anos sem “novo cangaço”, o Pará também está prestes a completar três anos sem registros de ataques a carros-fortes. “Esse resultado é fruto do trabalho integrado e da modernização dos equipamentos e táticas de combate. Também reforçamos o papel da população nesse processo, ao compreender como agir e colaborar durante ações de enfrentamento ao crime organizado”, afirmou o delegado.

Outro fator decisivo foi a criação, em 2022, do Comitê Permanente de Enfrentamento às Ações Criminosas Contra Instituições Bancárias e Transporte de Valores. Formado por especialistas de diferentes órgãos de segurança, o comitê é responsável por planejar e executar estratégias de combate, com uso de tecnologias como drones táticos, óculos de visão noturna e viaturas blindadas. Para o delegado André Costa, titular da Siac, a antecipação e a desarticulação de quadrilhas têm sido fundamentais para o resultado atual. “Nosso foco é a prevenção, e os números comprovam que essa é a estratégia mais eficaz”, concluiu.

Elias Felippe (Estagiário sob supervisão de Cássio Leal, editor-chefe da tarde).