Publicado em 26 de maio de 2025 às 17:14
O Pará lidera o ranking dos estados mais impactados pela derrubada dos vetos aos chamados “jabutis” incluídos na lei que regula a geração de energia eólica offshore. Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), a conta de luz no estado pode sofrer um reajuste de até R$ 19,45 por megawatt-hora (MWh), o maior aumento tarifário entre todas as unidades da federação.>
A nova legislação, sancionada em 2023 com o objetivo de fomentar a instalação de parques eólicos em alto-mar, acabou sendo alterada pelo Congresso Nacional com a inclusão de dispositivos que favorecem segmentos específicos do setor elétrico, como termelétricas a carvão, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e usinas solares que já recebem subsídios. Esses trechos foram inicialmente vetados pelo Executivo, mas os vetos foram derrubados em votação no Congresso, o que acendeu o alerta entre especialistas e entidades do setor.>
Para a Abradee, o impacto será sentido diretamente no bolso dos consumidores, especialmente das regiões Norte e Nordeste. Além do Pará, estados como Amazonas (R$ 17,77), Acre (R$ 17,16) e Tocantins (R$ 17,06) também aparecem entre os mais afetados.>
Custo bilionário e pressão sobre a inflação>
A estimativa da Abradee é que os acréscimos tarifários impostos pelos jabutis somem um custo adicional de R$ 545 bilhões ao longo dos próximos anos — o equivalente a 25 anos de bandeira vermelha 2, o patamar mais caro do sistema tarifário. O impacto na inflação também preocupa: o reajuste poderá adicionar até 0,35 ponto percentual ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) a cada mês.>
“Esses jabutis criam subsídios que beneficiam grupos específicos, mas aumentam a conta de luz de toda a população brasileira, e vão pesar especialmente no bolso da população mais pobre”, alerta Marcos Madureira, presidente da Abradee.>
No caso do Pará, que já enfrenta desafios históricos no fornecimento de energia em áreas remotas e um alto índice de vulnerabilidade socioeconômica, o reajuste representa mais um obstáculo para a população e para a economia local.>
Os estados mais impactados:>
Outros estados também sofrerão aumentos relevantes, com reajustes variando entre R$ 12 e R$ 16 por MWh.>
A Abradee alerta que a medida compromete a previsibilidade e a justiça no sistema tarifário, e que o consumidor brasileiro será quem arcará com o custo dos incentivos setoriais.>