Pescado fica mais caro em Belém e aumentos superam a inflação

Levantamento do DIEESE/PA e da Prefeitura aponta alta da maioria das espécies em novembro.

Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 12:09

Pescado fica mais caro em Belém e aumentos superam a inflação
Pescado fica mais caro em Belém e aumentos superam a inflação Crédito: ARQUIVO / AG. PARÁ

A combinação entre fatores sazonais e o período de defeso tem impactado diretamente o bolso do consumidor em Belém. Segundo pesquisas conjuntas realizadas pelo DIEESE/PA e pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Sedcon), a maioria das espécies de pescado comercializadas nos mercados municipais da capital apresentou aumento de preços no mês de novembro.

De acordo com o levantamento, na comparação entre novembro e outubro de 2025, os maiores reajustes foram registrados na tainha, que teve alta de 16,41%, seguida do cação (15,95%), sarda (15,49%), arraia (13,57%) e piramutaba (13,27%). Também apresentaram elevação significativa espécies como serra, pescada gó, pratiqueira, gurijuba e surubim. Em contrapartida, poucas espécies tiveram queda de preços no período, com destaque para o curimatã (-9,55%), bagre (-4,71%), mapará (-2,11%) e peixe-pedra (-1,04%).

No balanço acumulado de janeiro a novembro de 2025, a pesquisa aponta que a maioria das espécies apresentou reajustes superiores à inflação estimada em cerca de 3,7% para o período. Entre os maiores aumentos estão a piramutaba, com alta acumulada de 34,46%, pescada gó (27,70%), sarda (21,30%), pratiqueira (20,60%) e cação (17,19%). Algumas espécies, no entanto, registraram redução de preços ao longo do ano, como o curimatã (-14,17%), bagre (-8,19%), corvina (-7,79%) e serra (-6,26%).

A análise dos últimos 12 meses, comparando novembro de 2025 com o mesmo período de 2024, também revela um cenário de alta generalizada. Os reajustes superam mais que o dobro da inflação acumulada no período, estimada em 4,60%. Entre os destaques estão a pescada gó, com aumento de 29,03%, sarda (28,52%), tamuatá (20,70%), arraia (20,45%), piramutaba (20,39%) e cação (20,21%). Já espécies como bagre, corvina, curimatã, camurim e filhote apresentaram recuos no comparativo anual.

Na avaliação do DIEESE/PA, a elevação dos preços é resultado, principalmente, do início do período de defeso de algumas espécies, quando a pesca é temporariamente proibida para garantir a reprodução dos peixes. A medida reduz a oferta no mercado e acaba pressionando os preços, especialmente em um cenário de demanda constante.

Outro fator apontado é o aumento dos custos logísticos da atividade pesqueira, como combustível, manutenção das embarcações e maior tempo de deslocamento para a captura. Com menor volume de pescado disponível, esses custos acabam sendo repassados ao consumidor final.

O estudo ressalta ainda que a forte tradição de consumo de peixe na região faz com que qualquer oscilação na oferta seja rapidamente sentida nos preços praticados nos mercados municipais de Belém.