Publicado em 20 de outubro de 2025 às 19:03
Um relatório detalhado da Polícia Federal, divulgado pelo portal Ver-o-Fato, revelou a complexa rede de tráfico e lavagem de dinheiro liderada por José Mário Santos de Oliveira, o “Kairós”.>
A investigação resultou na prisão de dezenas de pessoas e no bloqueio de ativos milionários, expondo uma estrutura empresarial e familiar cuidadosamente organizada para esconder bens ilícitos.>
José Mário Santos de Oliveira, morto em março em Belém, comandava toda a operação, desde o tráfico internacional até a lavagem de capitais. Ostentava viagens internacionais, imóveis de luxo e veículos caros, todos financiados pelos lucros do crime.>
Entre os principais operadores do grupo estavam Vildemar Rosa Fernandes Filho, conhecido como Prefeitinho, operador financeiro central que recebia grandes somas de dinheiro vivo de Kairós e as pulverizava em contas de terceiros. Ele é filho do ex-prefeito de São Miguel do Guamá, Nenê Lopes.>
Max Salin Pinto de Oliveira, irmão de José Mário, usava a empresa Max Agro Comercial Impex para efetuar pagamentos fracionados de bens de luxo, como a Fazenda Muriel e compras em lojas de grife na Europa. Roseneia Santos de Oliveira, esposa de José Mário, atuava na dissimulação de ativos e ostentava publicamente a vida de luxo financiada pelo tráfico.>
José Merandolino S. de Oliveira Neto, empresário de fachada e sócio da Fortlands Enterprises Ltda, era usado para movimentação de dinheiro ilícito. Djalma da Silva Matos Junior, gestor de veículos e cash, “limpava” dinheiro através da compra e venda de carros de luxo e transportava grandes volumes em espécie. Lúcio Flávio Teixeira da Silva, gerente de numerário especializado em smurfing, coordenava o fracionamento de depósitos em múltiplas contas. José João dos Santos Macedo administrava a Acquah Transportes, usada tanto para lavagem quanto para logística do tráfico.>
Outro núcleo do grupo se dedicava a ocultar bens e dar aparência de legalidade ao patrimônio de José Mário e seus operadores. Francisco de Assis M. de Oliveira, irmão do líder, atuava como gestor de bens de fachada e administrador da Fazenda Muriel.>
José Merandolino S. de Oliveira, pai de José Mário, figurava como laranja familiar, registrado como proprietário de imóveis de alto valor. Aline Santos Oliveira, irmã do líder, cedeu seu nome para o registro de imóvel de luxo em Belém. Elizângela de Oliveira Santos, esposa de Vildemar, era laranja conjugal, sendo proprietária formal de bens de luxo.>
Cláudio José Soares era executor logístico de dinheiro, transportando grandes malotes em espécie. Marcelo Nogueira da Silva fornecia notas frias, emitindo documentos simulando serviços para dar lastro fiscal à lavagem. Sônia Regina Moraes registrava apólices de seguro e planos de previdência privada para ocultar recursos ilícitos.>
O núcleo operacional da organização cuidava da logística do tráfico, garantindo a importação e distribuição da droga. Pedro Henrique Gomes, codinome “Piloto”, coordenava os voos clandestinos internacionais que traziam a cocaína. Jorge Luiz da Costa, o “Sapo”, gerenciava a logística terrestre, recebendo a droga nas pistas clandestinas e organizando seu transporte rodoviário.>
Paulo Roberto Souza, conhecido como “Contador”, registrava todo o volume de vendas, lucros e custos operacionais do tráfico. A Polícia Federal enfatiza que a Orcrim liderada por Kairós não era apenas um grupo de traficantes.>
Cada membro desempenhava função específica, do piloto que trazia a droga ao contador que registrava os lucros, passando pelos irmãos e esposas que ocultavam os bens em mansões, fazendas e veículos de luxo.>
A prisão preventiva e o bloqueio total de bens têm como objetivo “descapitalizar a organização e garantir que a lei seja aplicada”. O espaço está aberto para que os citados na investigação ou seus advogados apresentem defesa.>