Publicado em 18 de setembro de 2025 às 08:04
Um acordo firmado na Justiça Federal encerrou uma disputa judicial de nove anos e garantiu que R$ 92 milhões da compensação ambiental da usina hidrelétrica de Belo Monte sejam aplicados em unidades de conservação (UCs) no Pará, estado onde se localizam a usina e seus impactos. A verba estava bloqueada desde 2016, quando uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo estado do Pará contestou a destinação original dos recursos. O valor beneficiará 15 áreas protegidas, entre reservas, florestas e parques nacionais.>
O conflito teve início em julho de 2014, quando o Comitê de Compensação Ambiental Federal (CCAF) decidiu que, dos R$ 113,8 milhões da compensação ambiental de Belo Monte destinados a UCs federais, R$ 92 milhões seriam aplicados no Parque Nacional (Parna) do Juruena, localizado em Mato Grosso. O MPF e o estado do Pará argumentaram que os recursos deveriam ser investidos prioritariamente na região impactada pela hidrelétrica, na bacia do rio Xingu, no Pará.>
Na ação, ajuizada em abril de 2016 contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a empresa responsável pela hidrelétrica, o consórcio Norte Energia, foi pedida a anulação da decisão do CCAF e a elaboração de um novo plano de destinação dos recursos.>
Ainda em abril de 2016, a Justiça Federal concedeu uma liminar (decisão urgente), suspendendo o repasse e determinando o depósito judicial do valor. O ICMBio e o Ibama entraram com recurso contra a decisão. A solução do impasse começou a se desenhar em maio de 2025, quando o ICMBio apresentou uma nova proposta para a realocação dos recursos para áreas protegidas no Pará.>
No acordo, homologado em audiência de conciliação, no último dia 10 de setembro, prevaleceu a proposta apresentada pelo ICMBio, que recebeu a concordância de todas as partes. Do montante realocado, R$ 78 milhões serão destinados a UCs federais e R$ 14 milhões a UCs estaduais. Este valor se soma aos R$ 12,5 milhões que o Pará já havia recebido na divisão original de 2014.>
Pelo acordo, a Justiça determinou que o estado do Pará deverá apresentar ao Ibama uma proposta de destinação de sua parcela, contemplando unidades de conservação dentro da área de impacto do empreendimento. A liberação dos recursos, que serão depositados em conta do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), depende de parecer favorável do CCAF.>
As unidades de conservação da região que serão contempladas com a maioria dos recursos são: a Estação Ecológica Terra do Meio; o Parque Nacional da Serra do Pardo; a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo e as reservas extrativistas Rio Xingu, Rio Iriri, Riozinho do Anfrísio e Verde Para Sempre.>
Conforme estabelecido na audiência de conciliação, a Justiça determinou que todos os recursos liberados por meio do acordo deverão ser corrigidos monetariamente.>