Saiba quem é Dona Coló, erveira histórica que morreu nesta terça

Erveira paraense construiu legado de mais de quatro décadas dedicadas à medicina popular amazônica

Publicado em 30 de dezembro de 2025 às 18:47

Dona Coló faleceu nesta terça-feira.
Dona Coló faleceu nesta terça-feira. Crédito: Reprodução

Clotilde de Souza, conhecida popularmente como Dona Coló, foi uma das figuras mais representativas da cultura tradicional de Belém e da Amazônia. Reconhecida como erveira do Mercado do Ver-o-Peso, ela dedicou grande parte da vida ao uso e à difusão dos conhecimentos sobre plantas medicinais, prática herdada de gerações anteriores de sua família.

Integrante da terceira geração de erveiras, Dona Coló cresceu em meio aos saberes transmitidos oralmente, aprendendo desde cedo a identificar, preparar e aplicar ervas utilizadas no cuidado com o corpo e o espírito. Ao longo de aproximadamente 40 anos de atuação, tornou-se referência no uso da flora amazônica, mantendo viva uma tradição profundamente ligada à identidade cultural paraense.

No Ver-o-Peso, seu trabalho ia além da comercialização de ervas. Dona Coló era vista como uma conselheira popular, procurada por pessoas em busca de tratamentos naturais, orientações e acolhimento. A combinação entre conhecimento da floresta, espiritualidade e cuidado humano fez com que seu nome ultrapassasse os limites do mercado e ganhasse reconhecimento nacional e internacional.

A autoridade construída ao longo da carreira despertou o interesse de pesquisadores, estudiosos da medicina tradicional e visitantes de diversas partes do mundo, que viam em Dona Coló uma fonte legítima de saberes ancestrais amazônicos. Sua atuação ajudou a fortalecer o valor cultural das práticas populares, frequentemente marginalizadas, mas fundamentais para a memória coletiva da região.

O reconhecimento institucional veio em 2021, quando recebeu a Medalha do Mérito Francisco Caldeira Castelo Branco, concedida pela Prefeitura de Belém a personalidades que contribuem de forma relevante para a preservação da história, da cultura e do desenvolvimento da capital paraense.

Mais do que uma erveira, Dona Coló deixou como herança um legado de resistência cultural, valorização do conhecimento tradicional e respeito à floresta. Sua trajetória permanece como símbolo da força dos saberes populares e da identidade amazônica.