Tarifa de energia elétrica no Pará acumula alta de 82% em 10 anos e pesa no bolso da população

Novo reajuste autorizado pela ANEEL entra em vigor nesta quinta-feira (7) e agrava impacto no orçamento das famílias paraenses

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 16:47

Tarifa de energia elétrica no Pará acumula alta de 82% em 10 anos e pesa no bolso da população
Tarifa de energia elétrica no Pará acumula alta de 82% em 10 anos e pesa no bolso da população Crédito: Marcello Casal jr/Agência Brasil

A conta de luz vai ficar mais cara no Pará. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou, nesta terça-feira (5), um novo reajuste tarifário que entra em vigor já a partir de quinta-feira (7) para os mais de 3 milhões de consumidores atendidos pela Equatorial Pará em todos os 144 municípios do estado.

O aumento médio para os consumidores de baixa tensão – como residências, comércios, propriedades rurais e iluminação pública – será de 3,57%, enquanto para os de alta tensão, como grandes indústrias, o reajuste será de 4,50%. Já para os consumidores residenciais, especificamente, o aumento será de 3,26%.

De acordo com a ANEEL, o reajuste leva em conta fatores como custos de distribuição, aquisição de energia, encargos setoriais e componentes financeiros acumulados de revisões anteriores. Mas para a população, o impacto é direto no orçamento familiar, que já sofre com o custo de vida elevado.

Alta acima da inflação

Levantamento do DIEESE/PA revela que, nos últimos 10 anos (de agosto de 2016 a julho de 2025), a tarifa residencial de energia elétrica no Pará acumulou alta de 81,62%, enquanto a inflação medida pelo INPC/IBGE no mesmo período foi de aproximadamente 56%. Ou seja, a tarifa de luz subiu bem acima da inflação – que é a referência para os reajustes salariais da maioria dos trabalhadores.

Ainda segundo o DIEESE, essa é a 27ª revisão tarifária autorizada pela ANEEL desde a privatização da antiga Celpa (hoje Equatorial Energia), ocorrida em 1998.

Salário mínimo comprometido

O aumento afeta de maneira ainda mais dura os trabalhadores de baixa renda. Quase metade da força de trabalho ocupada no Pará – cerca de 2 milhões de pessoas, segundo a PNAD Contínua do IBGE – recebe apenas um salário mínimo por mês. Em junho de 2025, o custo da cesta básica em Belém ficou em R$ 709,04, o que representa 52,25% do salário mínimo líquido, atualmente em R$ 1.404,15.

Com mais da metade do rendimento comprometido apenas com alimentação, sobra muito pouco para cobrir despesas com energia elétrica, transporte, moradia e saúde.

Um paradoxo energético

Apesar de abrigar importantes hidrelétricas e ter grande potencial de geração, o Pará está entre os estados com as tarifas de energia mais caras do país. O paradoxo incomoda moradores, especialistas e entidades sindicais. Produzindo muita energia, o estado deveria, teoricamente, ter preços mais acessíveis — o que, na prática, não acontece.

O cenário preocupa ainda setores produtivos, comerciantes e pequenos empresários, que enfrentam elevação dos custos operacionais. Para muitos, a conta de luz se tornou uma barreira ao crescimento econômico e à geração de empregos.