'Velho Coroa’, líder de facção criminosa no Piauí é preso no Pará

Ele era responsável por comandar homicídios, ordenar execuções e atuar como líder criminoso em pelo menos cinco cidades piauienses.

Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 19:02

'Velho Coroa’, líder de facção criminosa no Piauí é preso no Pará.
'Velho Coroa’, líder de facção criminosa no Piauí é preso no Pará. Crédito: Divulgação

Um homem, identificado como Joabe da Silva Aguiar, de 40 anos, foi preso na manhã desta terça-feira (9) em Belém–PA. Ele é conhecido como “Velho Coroa”, apontado como uma das principais lideranças criminosas de uma facção com atuação no extremo sul do Piauí, responsável por comandar homicídios, ordenar execuções e atuar como líder criminoso em pelo menos cinco cidades piauienses. 

Segundo a Polícia Civil, Joabe estava foragido da Penitenciária de Bom Jesus desde 2016 e é apontado como responsável por diversos crimes na região de Avelino Lopes e cidades vizinhas. Ele utilizava o nome falso de André Silva Sousa para escapar da polícia. Com ele foram apreendidos um celular e R$ 15 mil em espécie.

Mudança de facção e disputa entre grupos

Segundo o delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da SSP, o suspeito teria ligação com uma facção criminosa e possui diversos mandados de prisão em aberto. Ele esclareceu que o conflito interno, passou a atuar de forma independente com seu próprio grupo, chamado Tropa do Coroa.

“Conforme apurado, ele tinha proximidade com criminosos que foram para São Paulo, como os irmãos Pantera e Flex. A partir dessa briga, teve início a série de mortes em Avelino Lopes”, disse.

Ainda segundo o delegado, a disputa entre seu grupo e rivais desencadeou homicídios registrados em estradas vicinais, muitos deles filmados pelos executores, evidenciando o conflito por pontos de tráfico e domínio territorial. “Quando a situação esquentava de novo, eram os mandos do Velho Coroa, de onde ele estivesse”, destacou.

Joabe estava no radar das forças de segurança desde 2013. Ele foi condenado a 49 anos de prisão pelo duplo homicídio de um casal que vendia drogas para ele e tinha uma dívida de cerca de R$ 3 mil.

“Para vocês terem ideia do que é esse indivíduo, ele torturou um casal durante horas, quebrou braços e pernas, e chegou a arrancar os olhos antes de matá-los”, relatou Anchieta Nery.

Ainda segundo a Polícia Civil, a fuga da Penitenciária de Bom Jesus, em 2016, permitiu que ele reorganizasse a própria estrutura criminosa e expandisse sua influência no sul do Piauí, atuando como mandante de execuções em Gilbués, Curimatá, Avelino Lopes e Bom Jesus.

Vida de luxo com identidade falsa no Pará

O delegado Celso Benício, diretor de Polícia do Interior, informou que Joabe vivia discretamente em Belém, utilizando documentos falsos para esconder a identidade enquanto mantinha um padrão de vida elevado.

“De acordo com o monitoramento, ele morava com a esposa e um filho pequeno, movimentava dinheiro por contas de terceiros e mantinha carros e imóveis de bom padrão, mesmo sem sair muito de casa, tudo financiado com dinheiro do crime”, disse.

A Polícia Civil do Pará monitorava o suspeito havia cerca de um mês, incluindo o período da COP30 . “A prisão foi tranquila. Assim que a equipe entrou, ele destruiu o celular e não reagiu”, explicou o delegado.

A operação contou com apoio do delegado Alessandro Barreto, de Brasília, além das polícias civis do Pará, Goiás e Distrito Federal. Joabe será recambiado para o Piauí, onde deve responder por múltiplos homicídios e por crimes relacionados às facções e ao tráfico de drogas, além de investigações complementares que seguem em andamento.