Publicado em 30 de setembro de 2025 às 13:42
A vereadora Elizabeth Maciel (Republicanos), conhecida como Betinha, provocou indignação ao afirmar, durante sessão da Câmara Municipal de Borba, nesta segunda-feira (29), que “tem mulher que merece apanhar” e que é “a favor da violência contra a mulher”. A fala repercutiu imediatamente nas redes sociais, levantando críticas de movimentos sociais, ativistas e internautas.>
Na manhã desta terça-feira (30), a parlamentar publicou um vídeo em seu perfil no Instagram pedindo desculpas pelas declarações.>
O episódio ganhou ainda mais repercussão por ocorrer menos de 24 horas após o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) absolver cinco policiais acusados do feminicídio de Deusiane Pinheiro, crime ocorrido em 2015. O julgamento, realizado pelo Conselho Permanente de Justiça Militar, absolveu Elson Santos de Brito por três votos a dois, enquanto Cosme Moura Sousa, Jairo Oliveira Gomes, Júlio Henrique da Silva Gama e Narcizio Guimarães Neto foram absolvidos por unanimidade.>
Segundo a defesa, os laudos periciais não eram conclusivos e não havia provas suficientes para condenação. Para familiares da vítima e organizações de defesa dos direitos das mulheres, a decisão reforça a sensação de impunidade em casos de feminicídio no estado.>
O assassinato de Deusiane, classificado como homicídio qualificado, ocorreu há mais de uma década, mas continua simbolizando a dificuldade de responsabilizar agressores em crimes contra mulheres.>
A polêmica envolvendo a fala da vereadora e a absolvição dos policiais evidencia o contexto de violência de gênero no Amazonas, que enfrenta índices alarmantes. O estado é o segundo do país em homicídios de mulheres por 100 mil habitantes e tem registrado aumento nos casos de feminicídio nos últimos anos. Entre 2023 e 2024, o número de homicídios e tentativas de homicídio contra mulheres cresceu, reforçando a gravidade da situação.>
A coincidência entre a decisão judicial e a declaração pública de uma representante política mostra como a violência contra a mulher segue naturalizada em diversos espaços, ao mesmo tempo em que a impunidade fragiliza a proteção às vítimas.>