Publicado em 18 de setembro de 2025 às 10:31
Além de ser uma grande celebração de fé, o Círio de Nazaré movimenta a cada ano diversos setores da economia local. Uma das maiores manifestações católicas do mundo, a festa paraense se firmou como uma excelente oportunidade para pequenos empreendedores garantirem um lucro maior em relação a outros períodos.
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O aumento no número de pessoas circulando pela capital paraense, Belém, é um dos principais fatores responsáveis por esse impulso econômico, pois representa um aumento no número de clientes e consumidores. Com a realização da 30ª Conferência Mundial do Clima - COP 30, a expectativa para este ano é que aumente a presença de turistas, inclusive internacionais. Esse movimento desencadeia a geração de emprego e, consequentemente, de renda em Belém, além da valorização cultural.>
Para a artista visual e empreendedora Thayanne Tavares, a celebração do Círio foi uma oportunidade de abrir novos caminhos no seu negócio. A sua marca Thay Petit cria e comercializa artes e estampas, transformadas em produtos como camisas e canecas.>
“O Círio é um período que traz um retorno financeiro muito positivo, que nos deixa confortável por alguns meses. É um período do ano que nos sentimos valorizados, as pessoas passam a conhecer nosso trabalho com mais facilidade, conseguimos mais visibilidade e exposição”, comenta.>
Desde 2021, Thayanne cria releituras de Nossa Senhora. “Sempre busco trazer um manto diferente, inspirado na nossa região, nos nossos costumes, na nossa cultura”. Ainda conforme a empreendedora, além do lucro, as artes personalizadas se tornaram uma forma de se sentir mais próxima de Nossa Senhora de Nazaré, como manifestação de carinho e afeto.>
“No período do Círio, as camisas são geralmente as mais procuradas. É uma coisa que eu tenho percebido muito nos últimos anos: as pessoas buscarem camisas mais autorais, com uma identidade mais criativa, mais autêntica mesmo. E também os itens de decoração, como emoldurados e artes impressas".>
Thayanne conta que o planejamento da produção para o Círio já inicia em março, onde já é procurada por algumas marcas com a demanda de confecção de estampas. No primeiro semestre, também já começa a pensar nas artes da sua marca. “Não é a primeira vez que eu trabalho fazendo estamparias autorais para outras empresas nesse período, e quando eu percebo que as estampas que fiz se esgotam muito rápido, é muito gratificante e me sinto muito valorizada”, relata.>
Sabores do Círio>
No setor da alimentação, a produção de comidas típicas se expande com o aumento de festividades, confraternizações e eventos. A tradicional maniçoba, prato favorito de muitos paraenses, é considerada indispensável nas celebrações referentes à festa de Nazaré. Com isso, a alta demanda de encomendas neste período consegue trazer impactos extremamente relevantes para aqueles que se dedicam ao preparo e comercialização da comida.>
Maria de Fátima de Araújo, conhecida como Dona Fafá, é a grande responsável pela Barraca da Fafá, que vende comidas típicas durante o ano inteiro, mas tem sua disparada entre setembro e outubro. Com 40 anos trabalhando com venda de maniçoba, ela conta que o período Círio gera praticamente o dobro da demanda habitual.>
“Me preparo bem antes por conta do estoque. Desde de setembro, o número de encomendas já cresce. Quinze dias antes do Círio aumenta ainda mais; e já com 8 dias antes, dispara. Já cheguei a ter encomenda de 20kg”, conta.>
Dona Fafá ainda relata que precisa aumentar a equipe para dar conta das encomendas: “Na minha barraca, trabalham nove pessoas, e tem mais três pessoas na cozinha. Mas na época do Círio, eu convoco em torno de mais três pessoas”.>