São José Liberto abre a 22ª edição da exposição 'Joias de Nazaré'

Com o tema "Nossa Senhora de Nazaré na Amazônia", o Espaço São José Liberto, em Belém, que abriga o Polo Joalheiro, a Casa do Artesão e o Museu de Gemas do Pará, abriu ao público, nesta sexta-feira (3), a 22ª edição da exposição "Joias de Nazaré 2025". A nova coleção é composta por 35 peças inspiradas em ícones do Círio de Nazaré - a maior manifestação religiosa do Brasil - e na religiosidade do paraense como fonte para criações únicas e repletas de significado.

A iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), tem a parceria da Universidade do Estado do Pará (Uepa). O objetivo é fomentar a produção de joias paraenses como instrumento de difusão da identidade regional, valorizando características culturais, criativas e sustentáveis.

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, Paulo Bengtson, destacou a importância de incentivar o setor de joias artesanais, valorizando técnicas tradicionais da ourivesaria, como estratégia para ampliar a competitividade. "É essencial agregar valor aos produtos, investir em inovação e adotar práticas sustentáveis, impulsionando a geração de emprego e renda, e fortalecendo a identidade cultural no Estado", enfatizou o titular da Sedeme.

A coleção reúne brincos, pingentes, braceletes e outras peças, confeccionadas em ouro 18K, prata 925 e gemas minerais (ametista, esmeralda, citrino e crisoprásio), e ainda pérolas barrocas, trabalhadas com técnicas tradicionais de ourivesaria. As peças têm acabamento polido e fosco, incrustação paraense e gemas lapidadas em diversos talhes, com encaixes em garra e cravação inglesa.

As criações são assinadas por empreendedores do Polo Joalheiro - principalmente designers e ourives -, e contam com a curadoria da professora Rosângela Gouvêa Pinto, docente da Uepa e diretora criativa das coleções "Joias de Nazaré". Responsável por consolidar o conceito artístico da mostra, Rosângela Gouvêa coordenou o processo de curadoria das peças nos dias 29 de setembro e 1º de outubro.

Contexto histórico - A concepção da coleção foi definida durante o workshop realizado em 21 de agosto, quando os participantes compartilharam ideias e elaboraram o quadro de referências.

Na oficina, a professora promoveu uma imersão criativa, que conectou fé, espiritualidade e sustentabilidade, ao apresentar o contexto histórico do Círio de Nazaré e destacar elementos culturais e naturais da região amazônica como fontes de inspiração.

Ela também ressaltou a importância da iniciativa para os alunos do curso de Bacharelado em Design da Uepa, que participaram do Workshop Joias de Nazaré 2025. "Participar do workshop foi uma oportunidade para os universitários vivenciarem a prática profissional na área do design, ainda durante a formação acadêmica. Ao abordar aspectos históricos do Círio de Nazaré e refletir sobre as peculiaridades e diferentes homenagens à padroeira, os alunos mergulham em um universo que envolve a cultura e a identidade do Estado", explicou Rosângela Gouvêa.

Neobarroco - A designer Rosa Leal é uma das expositoras, apresentando a coleção "Nazaré Barroca", uma linha autoral de joias que une arte, fé e identidade cultural. A coleção é composta por colar e brincos em prata, com destaque para a peça trabalhada com green gold e ametista, cuidadosamente selecionadas para ressaltar a sofisticação e a simbologia das peças.

Segundo Rosa Leal, a coleção tem como principal fonte de inspiração o Neobarroco, movimento estético que dialoga com o exagero, a dramaticidade e a riqueza de detalhes, características também presentes nas manifestações culturais da Festividade de Nazaré.

"O Círio nos remete à fé, mas também ao profano - à festa popular, às cores, à emoção coletiva. O Neobarroco carrega essa mesma dualidade, entre o espiritual e o mundano, o tradicional e o exuberante. Foi isso que quis traduzir nas joias", explicou Rosa Leal.

A designer Helena Bezerra apresenta a coleção "Relíquias de Nazaré", composta por 17 peças inspiradas no Barroco, no Rococó e na devoção à Nossa Senhora de Nazaré. A coleção inclui anéis, brincos, pingentes, pulseiras e outras peças confeccionadas em prata 925, com a aplicação de fragmentos de porcelana do século XVIII.

Um dos grandes diferenciais das joias é o uso de porcelana oriental da tradicional Casa Kato, pintada à mão com ouro 18K. Os fragmentos foram doados por Rodrigo Lima, que herdou a peça como relíquia de família.

Segundo Helena Bezerra, reutilizar porcelanas antigas confere às peças um significado profundo. "Produzir essas joias com fragmentos de porcelana foi um momento de ressignificação. É transformar um material delicado e histórico em símbolo de fé, renovação e sustentabilidade", destacou a designer.

O acabamento das peças também traz referências diretas ao Círio de Nazaré, como formas inspiradas na corda da procissão, um dos elementos mais simbólicos da festividade, reproduzidas em prata com riqueza de detalhes.

"A coleção Joias de Nazaré é o momento mais esperado por mim. É uma forma de homenagear a Virgem de Nazaré por meio da criação de peças que expressam fé, religiosidade e beleza", afirmou Helena Bezerra.

Serviço: Exposição "Joias de Nazaré 2025". Aberta à visitação até 19 de outubro, no Espaço São José Liberto (Praça Amazonas, s/n, bairro Jurunas). Horário de funcionamento: de terça-feira a sábado, das 10h às 18h, e aos domingos e feriados, das 10h às 14h.

Fonte: Governo do Estado/Agência Pará.