Publicado em 12 de outubro de 2025 às 13:20
A beleza das ruas, o colorido, os sentimentos, a dor e a alegria, a fé, a espera, o sonho realizado e o acalentado. Como diz a canção "Nenhuma explicação sabe explicar" e esse mosaico de emoções para todo devoto mariano é o Círio, que em outubro se materializa nas 14 romarias que compõem a festividade. Uma das principais manifestações religiosas do mundo, a celebração rompe barreiras emocionais e físicas, de gênero, de religião, fazendo com que a população paraense expresse sua fé e cultura tomando as ruas da capital.>
“Ano passado fui diagnosticada com câncer de ovário e ele (o irmão) fez a promessa que se Nossa Senha devolvesse minha saúde, e viria acompanhar a procissão de joelhos e ela deu essa benção para nós e estamos agradecendo esse milagre que ela concedeu”. O relato de Samara Sousa é um dos milhares de fiéis que tomam as ruas na secular romaria do segundo domingo de outubro. Históricas que dão alma e memória à celebração.>
Este ano, as estimativas dos órgãos oficiais apontavam para cerca de 2 milhões de pessoas unidas para manifestar sua fé e sentimentos à Padroeira da Amazônia. Gente que vem de toda parte do mundo e de estados brasileiros. A comerciante Ana Mércia veio de Recife pela primeira vez acompanhar as romarias e se encantou com a celebração. “Nunca mais quero deixar de vir. Consegui participar da Trasladação e hoje na principal, é muito emocionante, as pessoas muito unidas e receptivas. Além do Círio, adorei também a comida daqui”, conta sobre a experiência.>
A Grande Romaria para muitos é momento de agradecer a graça alcançada e só comungada com a Mãe; para outros, a confiança na Virgem Maria se sobrepõe ao desfecho do pedido porque acreditam que sua história teve 'o final' como queria Nossa Senhora. Eduardo Machado, antes da morte da tia, pediu para que ela pudesse sair do hospital e conhecer a sobrinha-neta e aproveitar o tempo com a família, mesmo que a recuperação não fosse possível. "Sinto que Nossa Senhora me atendeu", relata emocionado.>
Depois da missa em frente a Sé, no bairro mais antigo da capital paraense, a Imagem de Nossa Senhora iniciou o trajeto por volta das 7h da manhã de domingo (12) e percorreu por cerca de cinco horas o secular trajeto de 3,6 km até chegar à Basílica de Nazaré, local onde se originou, pelas mãos do ribeirinho Plácido, a devoção paraense à Nossa Senhora e Nazaré. Devoção que se perpetua há 233 anos. O Círio de Nazaré é considerado Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil desde 2004.>