“A Viagem”: um clássico que transcende o tempo

Lançada em 1994, a novela A Viagem, encerrou sua terceira reprise

Publicado em 8 de novembro de 2025 às 11:15

“A Viagem”: um clássico que transcende o tempo.
“A Viagem”: um clássico que transcende o tempo. Crédito: Reprodução/TV Globo

Lançada em 1994, a novela A Viagem, escrita pela autora Ivani Ribeiro, encerrou sua terceira reprise ontem (07) no Vale a Pena Ver de Novo, da TV Globo. Trinta anos após sua estreia, a obra continua sendo um marco da teledramaturgia brasileira e, sem exagero, uma referência mundial. Inspirada na versão original exibida pela TV Tupi em 1975, também de autoria de Ivani, a novela mistura drama familiar com elementos da doutrina espírita, tratando com sensibilidade temas como reencarnação, perdão, e a vida após a morte.

O êxito da trama se deve à ousadia de abordar, em rede nacional, conceitos da doutrina espírita em uma época em que esse tipo de narrativa era rara na televisão. Com isso, A Viagem não só abriu caminhos, como também conquistou novas gerações durante sua reprise. Prova disso está nas buscas crescentes por temas relacionados e na forte presença nas redes sociais ao longo dos últimos meses. O Ibope também não deixou mentir: o público sempre vai abraçar a temática espírita.

O fato é que os personagens marcantes como Diná (Christiane Torloni), símbolo da fé e da redenção, e Alexandre (Guilherme Fontes), um espírito perturbado em busca de justiça ou vingança, permanecerão vivos no imaginário do público. A combinação entre dramaturgia envolvente e temas espirituais tornou a novela um fenômeno atemporal.

Como alguém que conhece a doutrina espírita, afirmo com convicção: A Viagem é uma das representações mais fiéis do mundo espiritual já vistas na TV. O Umbral, lugar para onde espíritos carregados de culpa são atraídos, foi retratado com seriedade. A colônia espiritual, que remete ao “Nosso Lar”, também foi um acerto da produção. Alexandre, enquanto espírito obsessor, traduz bem os conflitos que ultrapassam a vida terrena. Claro, há licenças poéticas, como toda obra de ficção deve ter, mas o essencial está ali. Importante lembrar: céu e inferno são estados da alma, não lugares físicos, e isso a novela soube representar com sensibilidade.

Em um momento em que muitas novelas optam por caminhos fáceis e temas já batidos, A Viagem nos mostra como é possível entreter e, ao mesmo tempo, provocar reflexões profundas. Talvez seja hora de a TV Globo revisitar mais esse universo espiritual, como já fez com êxito em outras tramas como Alma Gêmea, Escrito nas Estrelas e Espelho da Vida.

Brunno Magno é jornalista, noveleiro e amante de cinema.