Publicado em 19 de agosto de 2025 às 16:42
Você pode não perceber, mas a qualidade da governança das empresas impacta diretamente seu dia a dia. Como investidor, define se seus recursos estão seguros e se terão retorno consistente. Como consumidor, influencia se você receberá produtos de qualidade e atendimento ético. Como cidadão, determina se as empresas contribuem para um ambiente de negócios mais justo e sustentável em sua comunidade. >
De acordo com o Sebrae, empresas que adotam práticas de governança corporativa conquistam importante diferencial competitivo, já que consumidores demonstram preferência por marcas comprometidas com transparência e anticorrupção, inclusive pagando mais por produtos que respeitam essas práticas. Práticas de governança também facilitam a gestão de conflitos internos e aumentam a atratividade para investidores. >
Não por acaso, a governança é o “G” da famosa sigla ESG (Environmental, Social and Governance), que se tornou critério fundamental para investimentos responsáveis ao redor do mundo — evidenciando que boas práticas de gestão são tão importantes quanto cuidados ambientais e sociais. >
Segundo Glenda Negreiros, do Grupo Brasfort, especialista em governança que vem implementando essas práticas em empresas familiares, essa disciplina vai muito além de documentos e relatórios. “Para mim, governança é como acender a luz: tudo fica claro. Quando as decisões são tomadas com ética, disciplina e cuidado, todos confiam e crescem juntos”, afirma a executiva. >
Na prática, boa governança corporativa representa o conjunto de princípios, regras, estruturas e processos que definem como uma organização é dirigida, monitorada e incentivada. O objetivo é gerar valor sustentável não apenas para sócios, mas para toda a sociedade, equilibrando interesses de acionistas, gestores, colaboradores, fornecedores, clientes e comunidade. >
A seguir, confira 5 sinais claros que indicam quando uma empresa adota boas práticas de governança e entenda por que isso deve importar para você! >
Uma empresa bem governada possui instâncias de decisão claramente estabelecidas, com conselhos, comitês e gestão executiva operando com funções específicas e agendas consistentes. Isso inclui Conselho de Administração atuante com membros independentes, Conselho Fiscal com autonomia para fiscalizar atos da gestão e, quando necessário, comitês especializados em auditoria, riscos e sustentabilidade . >
“Sinal de governança não é um documento bonito: é quando a regra vira hábito, e o hábito melhora a vida de clientes, equipes e parceiros”, destaca Glenda Negreiros. Em sua experiência com empresas familiares, ela observa que a implementação de estruturas como conselhos de família e acordos claros traz mais segurança para as decisões estratégicas. >
O que observar: existência de conselho de administração com reuniões regulares, presença de conselheiros independentes, comitês especializados funcionando ativamente e organograma claro com responsabilidades definidas. >
Empresas com boa governança vão além das exigências legais na divulgação de informações. Elas compartilham dados claros, verídicos e tempestivos sobre desempenho financeiro, indicadores de qualidade, metas ESG e resultados de auditorias. A transparência se manifesta em relatórios periódicos acessíveis e comunicação regular com investidores, clientes e parceiros. >
“Uma boa governança é visível. Quem tem mostra. E quem mostra fortalece a confiança”, afirma Glenda Negreiros. Em processos de modernização empresarial, ela explica que a implementação de indicadores mensuráveis e auditorias regulares permite não apenas medir resultados , mas também corrigir rotas quando necessário. >
Como verificar: relatórios financeiros e não financeiros publicados regularmente, indicadores de sustentabilidade divulgados, presença de auditoria independente e comunicação clara com investidores e clientes. >
Mais do que ter um Código de Ética bem escrito, empresas com boa governança tornam a integridade parte da cultura organizacional. Isso se manifesta por meio de políticas anticorrupção aplicadas na prática, canais de denúncia com confidencialidade e proteção contra retaliações e coerência entre discurso e prática em todas as decisões. >
O professor Christian Karl de Lamboy, especialista em governança corporativa, destaca que a integridade deve ser um princípio central: “a cultura ética, a coerência entre discurso e prática e a lealdade aos investidores, clientes e colaboradores são elementos que reduzem significativamente os riscos de fraudes e conflitos de interesse”. >
Sinais práticos: código de conduta público e acessível, canal de denúncias funcionando com proteção aos denunciantes, políticas de prevenção a conflitos de interesse e histórico limpo em relação a escândalos. >
Empresas bem governadas possuem mapeamento claro dos riscos do negócio e planos de mitigação estabelecidos. Isso inclui definição do “apetite de risco” da organização, controles internos testados regularmente e protocolos para lidar com crises ou eventos inesperados. >
Em empresas familiares, observa Glenda Negreiros, a implementação de tecnologia e processos padronizados ajuda a manter qualidade operacional mesmo com o crescimento. “A governança trouxe previsibilidade sem tirar a alma do negócio”, destaca. >
O que procurar: políticas claras de gestão de riscos, controles internos documentados e testados, planos de continuidade de negócios e medidas de cibersegurança. >
Boa governança inclui metas ambientais e sociais integradas ao core business , não apenas como ações pontuais de marketing . Isso envolve medidas concretas para redução de impactos ambientais, respeito aos direitos humanos, inclusão e diversidade, e contribuição para o desenvolvimento das comunidades onde a empresa atua. >
“O futuro da governança é fazer o simples com consistência: manter dados confiáveis, regras claras, pessoas no centro e coragem para inovar sem perder nossos valores”, projeta Glenda Negreiros. Em sua visão, práticas sustentáveis integradas aos negócios são exemplos dessa abordagem que reduz desperdícios e gera impacto social positivo. >
Indicadores de compromisso genuíno: metas ESG com prazos e indicadores mensuráveis, políticas de diversidade em prática, cadeia de fornecedores com critérios socioambientais e investimento no desenvolvimento das comunidades locais. >
Para qualquer pessoa interessada em avaliar a governança de uma empresa, seja como potencial investidor, cliente ou parceiro, existem formas acessíveis de verificação: >
Empreendedores muitas vezes acreditam que governança é coisa de grande corporação, mas implementar práticas básicas desde o início pode fazer toda a diferença. “A governança não precisa ser complexa para ser efetiva. O importante é começar com o básico e ir evoluindo”, orienta o professor Christian Karl de Lamboy. >
Para empresas em início de operação, algumas práticas fundamentais incluem definir missão e valores claros, documentar processos e decisões importantes, estabelecer controles financeiros básicos e criar canais simples de feedback com clientes. Essas medidas, mesmo que inicialmente informais, criam uma base sólida para o crescimento sustentável do negócio. >
Mesmo que você não seja empresário , as práticas de governança das organizações impactam diretamente sua vida.“Governança é compromisso com a continuidade e com a comunidade”, conclui Glenda Negreiros. “Geramos oportunidades hoje e prosperidade amanhã quando tornamos a ética operável, a qualidade mensurável e o cuidado inegociável. É assim que as empresas mantêm sua essência e se preparam para o futuro”. >
Por Natalia Gómez >