Juros bancários sobem e atingem maior nível em oito anos

Alta acontece em meio à Selic em 15% ao ano e endividamento elevado das famílias

Publicado em 28 de dezembro de 2025 às 20:53

Alta acontece em meio à Selic em 15% ao ano e endividamento elevado das famílias
Alta acontece em meio à Selic em 15% ao ano e endividamento elevado das famílias Crédito: Reprodução

Com a taxa Selic mantida em patamar elevado, os juros cobrados pelos bancos voltaram a subir em novembro e alcançaram o maior nível dos últimos oito anos. Dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (26) mostram que a taxa média de juros nas operações com pessoas físicas e empresas chegou a 46,7% ao ano.

O aumento foi de 0,6 ponto percentual em relação a outubro e representa o maior patamar desde abril de 2017, quando os juros estavam em 48,3% ao ano. Apenas em 2025, a taxa média já acumulou alta de seis pontos percentuais. O cálculo considera apenas os chamados recursos livres, sem incluir crédito habitacional, rural ou operações do BNDES.

Nas operações com empresas, houve leve recuo. A taxa média caiu de 25,1% ao ano em outubro para 24,5% em novembro. Já para as pessoas físicas, o movimento foi oposto: os juros subiram de 58,5% para 59,4% ao ano, o maior nível desde agosto de 2017.

Esse cenário está diretamente ligado à Selic, taxa básica da economia usada pelo Banco Central para conter a inflação. Em dezembro, ela foi mantida em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas, o que encarece o crédito em todo o sistema financeiro.

Entre as linhas mais caras, o cheque especial subiu de 139,1% para 141,7% ao ano em novembro. Já o cartão de crédito rotativo avançou de 439,8% para 440,5% ao ano, permanecendo acima de 400% e sendo considerado o crédito mais caro do mercado.

Mesmo com o limite imposto pelo Conselho Monetário Nacional desde janeiro de 2024, especialistas reforçam que essa modalidade deve ser evitada e que o ideal é pagar o valor total da fatura sempre que possível.

O Banco Central também informou que o volume total de crédito no país cresceu 0,9% em novembro, chegando a R$ 7 trilhões. O crédito para empresas avançou 0,3%, enquanto o destinado às famílias teve alta de 1,2%, com destaque para cartão de crédito, financiamento de veículos e compras à vista no cartão.

Apesar do crescimento do crédito, a inadimplência segue elevada. A taxa média de atrasos acima de 90 dias ficou em 3,8%, próxima do recorde histórico. Entre as pessoas físicas, o índice permaneceu em 4,7%, enquanto entre as empresas houve leve recuo para 2,3%.

O endividamento das famílias também preocupa. Segundo o BC, ele atingiu 49,3% da renda acumulada em doze meses até outubro, o maior nível desde novembro de 2022, refletindo o peso crescente das dívidas no orçamento dos brasileiros.