Trump eleva tarifas da Índia para  50% após compra de petróleo russo e Brasil fica em alerta

Nesta quarta-feira (06), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva impondo 25% de tarifa adicional sobre produtos indianos, citando a continuidade das importações de petróleo da Rússia como justificativa oficial. Com isso, a taxa total sobre exportações da Índia aos EUA alcança 50%, equiparando-se à atualmente aplicada ao Brasil.

Segundo o documento oficial da Casa Branca, o aumento ocorrerá 21 dias após a assinatura, ou seja, a partir de 27 de agosto, e valerá para produtos destinados ao consumo interno nos EUA. A justificativa mencionada é que a importação de petróleo russo por parte da Índia “mina os esforços dos EUA para conter ações nocivas da Federação Russa”, caracterizadas como uma ameaça contínua à segurança nacional americana.

O atual cenário abre caminho para "possíveis penalizações" a outros países que importam petróleo russo, direta ou indiretamente, com menção direta e explícita ao Brasil no texto da ordem executiva. A aplicação efetiva de um mecanismo de "tarifa secundária", instrumento legal que visa punir terceiros que cooperam economicamente com regimes sancionados.

Relações entre EUA e Índia em ruptura

A medida representa um dos momentos mais tensos na relação bilateral desde a reeleição de Trump. Apesar de cinco rodadas de negociação comercial, os diálogos fracassaram devido a desentendimentos sobre concessões em setores agrícolas e industriais.

O governo indiano classificou a ação como “extremamente infeliz, injustificada e irracional” e afirmou que tomará todas as medidas necessárias para defender seus interesses soberanos.

Analistas apontam que o desastre diplomático se acentuou após Trump ter fortalecido relações com o Paquistão e lançado críticas ao estilo econômico da Índia, chamando sua economia de “mortiça” em redes sociais.

Impacto econômico e energético

A Índia tornou-se um dos maiores compradores de petróleo russo, movimentando cerca de US$ 52,7 bilhões em 2024. A nova tarifa pode comprometer a competitividade de exportadores indianos nos EUA nos setores de têxteis, joias e bens farmacêuticos.

Perspectivas e negociações futuras

Embora a tarifa entre em vigor no fim de agosto, ainda há um prazo para que EUA e Índia retomem as negociações com vistas a suavizar ou suspender o impacto das medidas. Índia declarou que prioriza sua segurança energética, importante para atender a uma população de 1,4 bilhão, e que fez essas importações por motivos de mercado, diante de uma escassez global de fornecedores tradicionais.

Enquanto isso, cresce a especulação de que outros países que mantêm trade energético com a Rússia também poderão ser alvo de sanções econômicas semelhantes, à medida que a Casa Branca intensifica sua estratégia de isolamento a Moscou.