Angela Ro Ro morre aos 75 anos no Rio de Janeiro

Ícone da música brasileira, cantora faleceu após complicações de saúde.

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 15:25

Angela Ro Ro morre aos 75 anos no Rio de Janeiro
Angela Ro Ro morre aos 75 anos no Rio de Janeiro Crédito: Daniel Teixeira/Estadão

A música brasileira perdeu, nesta segunda-feira (08), uma de suas vozes mais singulares. A cantora e compositora Angela Ro Ro morreu no Rio de Janeiro, aos 75 anos, em decorrência de uma parada cardíaca. A informação foi confirmada por Laninha Braga, ex-namorada que acompanhava seus cuidados, e pelo produtor Paulinho Lima, amigo próximo.

 Angela estava internada desde julho no Hospital Silvestre, no Cosme Velho, na Zona Sul da capital fluminense, após complicações de saúde decorrentes de uma infecção pulmonar que a levou a passar por uma traqueostomia.

Nos últimos meses, a artista vinha recorrendo às redes sociais para pedir apoio financeiro diante das dificuldades. “Sem perspectiva de alta ou cura para trabalhar, humildemente peço ajuda a vocês”, desabafou em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram.

Nascida em 5 de dezembro de 1949, no Rio de Janeiro, Angela Maria Diniz Gonsalves recebeu ainda na infância o apelido que a acompanharia por toda a vida. A voz grave e rouca lhe rendeu o “Ro Ro” que se tornaria sua marca registrada.

Sua carreira começou a ganhar forma na década de 1970. Após uma temporada na Europa, onde viveu experiência diversas em Londres, como garçonete, lavadora de pratos e cantora em pubs, ela foi apresentada ao cenário musical brasileiro por Glauber Rocha. O cineasta a indicou para participar do álbum Transa (1971), de Caetano Veloso, tocando gaita na faixa Nostalgia (That’s what rock’n roll is all about).

De volta ao Brasil, Ro Ro passou a se apresentar em casas noturnas cariocas até ser contratada pela Polygram/Polydor. Seu álbum de estreia, Angela Ro Ro (1979), foi inteiramente autoral e trouxe músicas que se tornaram clássicos, como Gota de sangue, Amor, meu grande amor e Tola foi você.

Nos anos 1980, consolidou-se como uma das grandes vozes da MPB com discos como Só nos resta viver (1980), Escândalo! (1981), que trouxe a composição homônima de Caetano Veloso, e A vida é mesmo assim (1984). A década seguinte foi marcada pelo registro ao vivo Nosso amor ao Armagedon (1993), mas foi nos anos 2000 que ela deu uma guinada pessoal e profissional: abandonou vícios, emagreceu mais de 30 quilos e lançou Acertei no Milênio (2000).

Além da música, Angela também se aventurou na TV, comandando o talk-show Escândalo, no Canal Brasil, entre 2004 e 2005. Na sequência, gravou Compasso (2006), um disco ao vivo no Circo Voador e, já na década seguinte, lançou Feliz da vida! (2013), pela Biscoito Fino. Nesse mesmo ano, foi homenageada com o tributo Coitadinha bem feito: As canções de Angela Ro Ro, que reuniu vozes masculinas interpretando seu repertório. Seu último trabalho de estúdio foi Selvagem (2017).

Com sua voz inconfundível e personalidade intensa, Angela Ro Ro construiu uma trajetória marcada por autenticidade, enfrentamentos e paixão pela música. Sua obra permanece como referência para diferentes gerações de intérpretes e compositores da música popular brasileira.