Publicado em 16 de setembro de 2025 às 08:35
Um contrato firmado entre a Secretaria de Educação do Piauí (Seduc-PI) e uma empresa associada ao humorista e influenciador Whindersson Nunes se tornou alvo de investigação no Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI). O acordo, assinado em agosto de 2023, começou no valor de R$ 4,9 milhões e, após aditivos, já soma R$ 11 milhões, com vigência até 2026. Os recursos são oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A investigação ganhou repercussão após reportagem do jornalista José Ribas Neto, de Teresina, e foi confirmada pela coluna da jornalista Andreza Matais, no portal Metrópoles.
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A contratação ocorreu de forma direta, sem processo licitatório, e foi questionada em denúncia apresentada ao TCE. Segundo a representação, a Seduc teria utilizado critérios "superestimados" para justificar a escolha da empresa, ignorando a possibilidade de concorrência com outras companhias aptas a prestar o mesmo serviço. O próprio estudo técnico da secretaria, de acordo com o documento, reconheceu a existência de alternativas no mercado.
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O conselheiro Kleber Dantas Eulálio, relator do caso, determinou que a Diretoria de Fiscalização de Licitações e Contratações aprofunde a apuração. A análise pode resultar em responsabilizações administrativas ou até na anulação do contrato, caso irregularidades sejam confirmadas. A denúncia aponta possível violação à Lei de Licitações e questiona a falta de isonomia no processo.>
Apesar das suspeitas, o convênio já gerou ações concretas. Em dezembro de 2024, a Seduc promoveu evento sobre “avanços no ensino de robótica” na rede estadual. Professores receberam kits de tecnologia, participaram de curso com 92 horas de carga horária, e o próprio Whindersson esteve presente na entrega de certificados, destacando o desejo de transformar o Piauí em referência nacional na área. Segundo o governo estadual, a iniciativa busca fomentar o letramento digital e introduzir a robótica em cerca de 100 escolas da rede pública.>
Em nota enviada ao portal LeoDias, a defesa de Whindersson, representada pelo advogado Caio Sanas, negou participação direta do artista na empresa contratada. Segundo o advogado, o humorista atua apenas como embaixador institucional do “Método Tron”, que pertence à TRON S.A., companhia independente e sem contratos com o poder público.>
De acordo com a defesa, a empresa mencionada na denúncia é a TRON Atividades de Apoio à Educação Ltda., na qual Whindersson não teria participação societária nem ingerência administrativa. A exploração do método, afirmou, ocorre por meio de distribuidoras licenciadas, com contratos regulares. A nota ainda reforça que a companhia citada não foi formalmente notificada, mas se coloca à disposição para colaborar com autoridades e garantir transparência no processo.>