Publicado em 15 de setembro de 2025 às 09:30
A definição do filme que representará o Brasil na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026 movimenta os bastidores do cinema nacional e as redes sociais. A decisão, que será anunciada nesta segunda-feira (15), pela Academia Brasileira de Cinema, concentra-se sobretudo em dois títulos: O Agente Secreto, de Kléber Mendonça Filho, e Manas, de Marianna Brennand.>
A disputa ganhou corpo nos últimos dias. Considerado favorito desde a divulgação da shortlist, graças ao desempenho histórico em Cannes — onde conquistou quatro prêmios, incluindo Melhor Ator para Wagner Moura e Melhor Diretor para Mendonça Filho — O Agente Secreto passou a enfrentar concorrência de peso com a ascensão de Manas.>
O longa de Brennand, que retrata a violência sexual contra meninas na Ilha de Marajó (PA), tem chamado a atenção do mercado internacional. Ao todo, o filme já soma 28 prêmios desde sua estreia em Veneza, em 2024, quando venceu o Directors Award da seção independente Giornate degli Autori. Recentemente o ator Sean Penn, que assumiu a função de produtor executivo para ampliar sua visibilidade nos Estados Unidos. O apoio mobilizou estrelas como Julia Roberts e membros votantes da Academia em exibições especiais em Los Angeles.>
No Brasil, a candidatura de Manas recebeu ainda o endosso de mais de 70 empresários de diferentes setores, entre eles representantes de Magazine Luiza, Vale, MRV e LinkedIn. Em carta aberta, o grupo destacou a importância da obra como denúncia da violência contra mulheres e crianças. Famílias ligadas ao grupo Brennand também aderiram ao movimento.>
Em contrapartida, fãs de Mendonça Filho reagiram fortemente nas redes. A hashtag #OAgenteSecretoNoOscar ganhou força no X (antigo Twitter), e o perfil oficial da Academia Brasileira de Cinema no Instagram foi inundado por comentários defendendo o longa pernambucano. “Queremos Agente Secreto, não apoiamos o lobby milionário por trás de Manas”, escreveu um internauta.>
A polêmica envolveu até a atriz Fernanda Torres, que precisou se retratar após elogiar publicamente o apoio de Sean Penn a Manas. Acusada de “campanha antecipada”, a artista esclareceu que não pretendia diminuir a força de O Agente Secreto. “Um filme ser escolhido não significa que o outro foi rejeitado. Sou a favor de todos”, disse em vídeo publicado no domingo (14).>
Além dos dois favoritos, outros quatro títulos concorrem à vaga: Baby, de Marcelo Caetano; Kasa Branca, de Luciano Vidigal; O Último Azul, de Gabriel Mascaro; e Oeste Outra Vez, de Erico Rassi.>
Enquanto o anúncio oficial não chega, o cenário é de tensão entre cineastas, críticos e fãs. De um lado, um filme premiado internacionalmente que já inscreveu o nome de Kléber Mendonça Filho no circuito dos grandes festivais; de outro, uma produção que busca dar voz a uma realidade brutal brasileira, apoiada por nomes de Hollywood e pelo setor empresarial.>