Segunda temporada de Round 6 é aclamada pela crítica

Embora esses novos participantes ganhem nuances próprias ao longo dos episódios, a sensação inicial de repetição pode desanimar.

Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 20:14

Segunda temporada de Round 6 é aclamada pela crítica
Segunda temporada de Round 6 é aclamada pela crítica Crédito: Reprodução/Netflix

Round 6 consolidou-se como um dos maiores fenômenos do streaming nos últimos anos. A série sul-coreana transcendeu barreiras culturais e tornou-se um ícone da cultura pop contemporânea. Máscaras, memes e brincadeiras infantis reinterpretadas invadiram o cotidiano global. Paralelamente, a carreira de Lee Jung-Jae decolou, culminando em sua participação em uma produção de Star Wars.

Na aguardada segunda temporada, Seong Gi-hun retorna como o protagonista que venceu os jogos na primeira temporada. No entanto, movido por um desejo heroico, ele se propõe a destruir a competição mortal de uma vez por todas. O primeiro episódio já revela os desafios dessa missão: Gi-hun falha em capturar o recrutador que o introduziu ao jogo no passado e, sem opções, decide infiltrar-se novamente nos jogos. Para isso, ele conta com o apoio de mercenários e da polícia, criando um plano arriscado para sabotar o sistema por dentro.

Agora, três anos após sua vitória (sim, a série apresenta um salto temporal), Gi-hun parece preparado para enfrentar os desafios do jogo. Contudo, ele ainda se surpreende com as atrocidades que testemunha e com a dificuldade de convencer participantes, cegados pela ambição do prêmio milionário, a questionarem suas escolhas.

Um ponto curioso, e por vezes frustrante, é a escolha do criador de repetir arquétipos de personagens já vistos na primeira temporada. Embora esses novos participantes ganhem nuances próprias ao longo dos episódios, a sensação inicial de repetição pode desanimar. Ainda assim, as tramas individuais enriquecem a narrativa, oferecendo reflexões profundas sobre dinheiro, violência e sacrifício.

Por outro lado, a série não escapa de decisões controversas. A impressão de que a Netflix está prolongando a história deliberadamente é evidente. Elementos que poderiam ser resolvidos nesta temporada são adiados para uma possível terceira, e algumas subtramas parecem existir apenas para gerar engajamento nas redes sociais. Essa abordagem resulta em momentos que, embora impactantes, soam desnecessários.

Tal como na primeira temporada, os jogos continuam sendo um ponto forte, levantando discussões sobre ética, moralidade e os efeitos da ambição nas relações humanas. Novos desafios são introduzidos, trazendo cenas intensas e surpresas que mantêm a tensão constante. Uma novidade é o sistema de votação pós-jogo, que aumenta os riscos e adiciona camadas à narrativa, bem trabalhadas pelo roteiro e pela edição.

Se há algo inegavelmente superior na segunda temporada, é o desenvolvimento dos personagens. O criador da série parece ter investido mais nesse aspecto, explorando nuances emocionais e conflitos internos que aprofundam a experiência do público. Essa evolução enriquece os debates sobre o que é certo ou errado, o bem contra o mal.

Apesar de seus méritos, a temporada não escapa de críticas. A sensação de que se trata de um produto incompleto — quase como a primeira parte de uma história maior — pode frustrar. Embora impressionante e recheada de melhorias, a segunda temporada deixa pontas soltas e subtramas inconclusas, claramente preparadas para manter o público ansioso por novos episódios.

No fim, Round 6 entrega mais uma temporada marcante e provocativa, mas também expõe os riscos de estender uma narrativa além do necessário, prejudicando o impacto de sua conclusão.