CBF dá primeiro passo para implantação do fair play financeiro no futebol brasileiro

Com dívidas acima de R$ 10 bilhões, clubes terão 90 dias para colaborar na criação de um modelo de controle fiscal que será implementado gradualmente.

Publicado em 10 de junho de 2025 às 17:08

CBF dá primeiro passo para implantação do fair play financeiro no futebol brasileiro
CBF dá primeiro passo para implantação do fair play financeiro no futebol brasileiro Crédito: Lívia Villas Boas / CBF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) iniciou oficialmente os trabalhos para desenvolver um modelo de fair play financeiro no futebol nacional. O movimento, liderado pelo recém-eleito presidente Samir Xaud, foi oficializado nesta segunda-feira (09), com a criação de um grupo de trabalho multidisciplinar, que terá 90 dias para apresentar propostas viáveis para a adoção gradual da medida entre os clubes brasileiros.

A decisão acontece em meio a um cenário preocupante: as dívidas dos clubes cresceram 22% só em 2024, ultrapassando os R$ 10 bilhões. O objetivo do projeto é estabelecer regras claras de responsabilidade fiscal, promovendo uma nova cultura de sustentabilidade financeira, transparência e governança dentro do esporte.

O vice-presidente da CBF, Ricardo Paulo, foi designado como principal nome à frente do grupo, que contará ainda com representantes das federações estaduais, dirigentes das Séries A e B, além de especialistas em finanças, governança e direito esportivo. Segundo Xaud, a ideia é “construir um debate técnico e plural que reflita a realidade do nosso futebol”.

Clubes serão ouvidos e devem se manifestar nos próximos dias

As principais equipes do país já foram notificadas sobre a iniciativa e devem se posicionar nos próximos dias. A adesão dos clubes é considerada essencial para que o projeto avance com legitimidade. Equipes como Palmeiras e Flamengo, que já vinham demonstrando interesse em regras de controle financeiro, são vistas como aliadas estratégicas no processo.

A criação de Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) em diversos clubes também impulsionou o debate. Com uma nova estrutura de gestão e cobrança mais rígida de resultados financeiros, essas entidades pressionam o sistema atual a se modernizar.

Proposta engavetada em gestões anteriores

Embora o assunto não seja inédito nos bastidores da CBF, já tendo sido ventilado durante a gestão de Rogério Caboclo, na ocasião o projeto foi abandonado diante da resistência de clubes endividados, como o Corinthians, que alegavam dificuldades imediatas para se enquadrar nas novas exigências.

Agora, com novo comando e respaldo institucional, a entidade trata a pauta como prioridade estratégica, conforme destacou a nota oficial:

“Transparência, neste novo momento, não se resume a relatórios ou discursos. É compromisso com processos claros, com prestação de contas e com a disposição de encarar problemas históricos com a seriedade que eles exigem.”

A criação do grupo de trabalho é vista como um gesto concreto de reconstrução da credibilidade do futebol brasileiro, que convive há décadas com crises financeiras, gestões deficitárias e falta de controle nos gastos.

Com o prazo de 90 dias para apresentar um plano inicial, a expectativa é de que o Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF) comece a tomar forma ainda neste ano, marcando, possivelmente, o início de uma nova era para o futebol nacional.

Com informações de UOL