Justiça espanhola condena torcedores por ato racista contra Vini Jr.

A Justiça da Espanha anunciou nesta semana a condenação de quatro torcedores do Atlético de Madrid por crime de ódio e ameaças ao atacante brasileiro Vinicius Jr., do Real Madrid. O grupo foi identificado como responsável por um ato racista que chocou o mundo do futebol em janeiro de 2023, ao pendurar um boneco do jogador simulando um enforcamento em uma ponte de Madri, às vésperas de um clássico entre as equipes.

Apesar do reconhecimento da gravidade da ação, os réus não cumprirão pena em regime fechado. O tribunal concedeu a chamada prisão suspensa, válida para casos em que os condenados não apresentam antecedentes criminais e assumem o compromisso de não reincidirem. As penas variam entre 15 meses de prisão por crime de ódio e sete meses por ameaças, além de multas que vão de, 720 a 1.084 euros, valores entre aproximadamente R$ 4,6 mil e R$ 6,9 mil.

Além das sanções econômicas, os torcedores também foram proibidos de frequentar estádios em território espanhol, de se aproximar de Vinicius Jr. ou tentar qualquer tipo de contato com o jogador. Um dos envolvidos, responsável por espalhar a imagem do boneco nas redes sociais, recebeu a pena mais severa entre os quatro.

As sentenças foram atenuadas após os réus assinarem uma carta de desculpas direcionada ao atleta brasileiro e aceitarem participar de um programa de reeducação voltado à igualdade e ao combate à discriminação.

O episódio marcou um dos momentos mais simbólicos da luta de Vinicius Jr. contra o racismo no futebol europeu. Desde então, o jogador tem sido uma das vozes mais ativas no combate a crimes de intolerância dentro e fora dos gramados, recebendo apoio de atletas, clubes e entidades internacionais.

A decisão da Justiça espanhola é vista como um avanço no reconhecimento e punição de atos discriminatórios, mas a suspensão das penas também levantou questionamentos sobre a rigidez do sistema penal frente a crimes de ódio racial. Para muitos, a condenação é um passo importante, ainda que tímido, na longa caminhada por justiça e igualdade no esporte.