TCU cobra devolução milionária da CBTM e ex-presidente por uso irregular de verba olímpica

Auditoria aponta que apenas 14% das metas foram cumpridas com o recurso de R$ 4,8 milhões para o ciclo Rio 2016.

Publicado em 23 de julho de 2025 às 15:12

TCU cobra devolução milionária da CBTM e ex-presidente por uso irregular de verba olímpica
TCU cobra devolução milionária da CBTM e ex-presidente por uso irregular de verba olímpica Crédito: Gustavo Medeiros/CBTM

A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) e seu ex-presidente, Alaor Azevedo, foram responsabilizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) pela má gestão de recursos públicos destinados à preparação da seleção brasileira para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. A ESPN trouxe novas informações sobre o caso em reportagem assinada por Matheus Castro.

Segundo decisão recente do órgão, ambos terão que devolver mais de R$ 6 milhões aos cofres da União por falhas graves na execução do convênio firmado com o extinto Ministério do Esporte. 

A análise técnica apontou que, dos R$ 4,8 milhões repassados por meio do Convênio n.º 778138/2012, apenas 14,84% das metas previstas foram atingidas. O relatório ainda identificou problemas como despesas fora do escopo autorizado, alterações no plano de trabalho sem aprovação prévia e documentos incompletos ou ausentes na prestação de contas. A Controladoria-Geral da União (CGU) também participou da investigação.

Após o abatimento de pouco mais de R$ 119 mil referentes à contratação de uma empresa de contabilidade, o valor total a ser ressarcido gira em torno de R$ 6,09 milhões, sujeito a atualização monetária e juros até a quitação. Além disso, tanto Alaor quanto a CBTM foram multados em R$ 100 mil cada um. A devolução está prevista para ocorrer em até 36 parcelas mensais.

Apesar das justificativas apresentadas por Azevedo e pela confederação, como atrasos nos repasses federais e falhas operacionais na análise dos documentos, o TCU considerou que os argumentos não isentam os responsáveis pelo uso indevido dos recursos.

O caso se arrasta há anos. A documentação de prestação de contas foi encaminhada ao ministério apenas em novembro de 2017, mais de um ano após o fim da vigência do convênio. A análise interna terminou em 2021, quando os autos foram então enviados ao TCU.

Especialistas criticam a permanência de Alaor Azevedo como assessor especial da própria CBTM, mesmo após ser responsabilizado por irregularidades. A jurista Karina Marra classificou sua atuação atual como “eticamente questionável” e apontou que o episódio representa um “descaso com o dinheiro público e com os atletas”.

A confederação, por sua vez, contesta a decisão e afirma que apresentou documentos e argumentos ignorados pelo tribunal. Em nota oficial, a CBTM informou que já recorreu da sentença e reafirmou seu compromisso com a transparência na gestão de recursos públicos.

Esta não é a primeira vez que a entidade é envolvida em polêmicas. Em anos anteriores, medalhistas paralímpicos denunciaram exigências abusivas e falhas na condução de projetos esportivos financiados com verba pública.