Textor transfere ativos do Botafogo para empresa nas Ilhas Cayman e operação vai à Justiça

Conselho da SAF aprovou transferência de direitos comerciais e empréstimo milionário; Eagle contesta medida na Justiça e tenta barrar ações unilaterais do empresário

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 08:22

Decisão de Textor gerou polêmica na empresa proprietária do Botafogo - 
Decisão de Textor gerou polêmica na empresa proprietária do Botafogo -  Crédito: Vítor Silva/Botafogo

O empresário John Textor transferiu todos os ativos do Botafogo SAF para uma empresa de sua criação sediada nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal no Caribe. A medida inclui direitos de transmissão, patrocínios, bilheteria e outros ativos comerciais do clube, e foi aprovada por unanimidade em reunião do Conselho Administrativo da SAF realizada em 17 de julho.

A decisão é contestada judicialmente pela Eagle, empresa até recentemente controlada por Textor e que segue como proprietária do Botafogo. A Eagle entrou com uma ação na Justiça para impedir a validade da operação e busca proibir que o empresário realize novas movimentações sem o consentimento formal da companhia. A contestação ocorre em meio à crise de governança envolvendo Textor, afastado do controle da Eagle por problemas na gestão do Olympique Lyonnais, clube francês do mesmo grupo.

Além da transferência de ativos, o Conselho da SAF aprovou outras operações financeiras de grande porte. Uma delas foi a cessão de crédito da Eagle Holding, do Reino Unido, no valor de até 150 milhões de euros, para a empresa caribenha — que, para assumir a titularidade do crédito, deverá pagar até 100 milhões de euros.

Na sequência, também foi aprovada a concessão de um empréstimo de até 100 milhões de euros da empresa nas Ilhas Cayman para o Botafogo, com todos os ativos do clube oferecidos como garantia. A ata da reunião registra que todas as decisões foram tomadas de forma unânime e sem ressalvas.

O Conselho de Administração da Botafogo SAF é formado por John Textor, Jordan Eliott Fiksenbaum (indicado pela Eagle), Kevin Weston e o presidente do clube, Durcesio Mello.

As decisões, embora juridicamente respaldadas no estatuto da SAF, levantam discussões sobre governança, transparência e possível conflito de interesses no futebol brasileiro. O caso ainda será analisado pela Justiça e pode gerar repercussões na estrutura societária do Botafogo nos próximos meses.