Ameaça dos EUA contra Venezuela traz tensões à América Latina

Maduro diz que país tem como se defender de possível invasão

Publicado em 20 de agosto de 2025 às 17:57

Maduro diz que país tem como se defender de possível invasão
Maduro diz que país tem como se defender de possível invasão Crédito: Divulgação 

Nos últimos dias, os Estados Unidos fizeram declarações que aumentaram a tensão na América Latina. A Casa Branca indicou que poderia enviar militares à Venezuela, algo que não acontece desde a invasão do Panamá pelos EUA, em 1989. A possibilidade de intervenção gerou preocupação em vários países do continente, incluindo Brasil, México e Colômbia.

Por que os EUA falam em intervenção?

O governo americano, liderado por Donald Trump, afirmou que a presença de tropas na costa venezuelana serviria para combater o narcotráfico. Fontes não identificadas do Pentágono relataram à imprensa que cerca de 4 mil militares poderiam ser enviados em três porta-aviões, inicialmente como demonstração de força, mas deixando aberta a opção de ação militar mais direta se necessário.

A porta-voz da Casa Branca disse que, na visão do governo americano, o presidente Nicolás Maduro não é um líder legítimo e classificou seu governo como um “cartel de narcoterrorismo”. O governo dos EUA também aumentou recentemente a recompensa por informações que levem à captura de Maduro, de US$ 25 milhões para US$ 50 milhões.

Reação da Venezuela

O presidente Nicolás Maduro rejeitou todas as acusações e ameaças. Segundo ele, o país está preparado para se defender e qualquer intervenção teria repercussões em toda a América Latina. Maduro chegou a dizer que poderia mobilizar até 4,5 milhões de milicianos, grupos civis armados e treinados pelo governo, para proteger a nação.

O governo venezuelano também criticou a alegação de tráfico de drogas, afirmando que apenas uma pequena parcela da cocaína que chega aos EUA passa pelo território venezuelano. Um estudo de 2020 do Escritório de Washington para a América Latina indicou que cerca de 90% da droga trafega por outras rotas do Caribe e do Pacífico.

O que dizem outros países da região?

O Brasil, por meio do embaixador Celso Amorim, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, afirmou que a política brasileira sempre defendeu a não intervenção em outros países, mesmo durante o regime militar. Ele reforçou que o combate ao crime organizado deve ser feito em cooperação entre os países, e não por ações unilaterais de uma potência externa.

O México e a Colômbia também criticaram as ameaças americanas. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, declarou que é possível combater o narcotráfico sem violar a soberania de outros países. O presidente colombiano, Gustavo Petro, afirmou que uma eventual invasão americana poderia arrastar a Colômbia para um conflito e comparou a situação da Venezuela à da Síria, em termos de risco de instabilidade.

Riscos para a região

Especialistas em geopolítica alertam que uma ação militar dos EUA poderia desestabilizar não só a Venezuela, mas toda a América Latina e o Caribe. O historiador Rodolfo Queiroz Laterza aponta que, embora as forças armadas venezuelanas tenham algum poder de defesa, elas não seriam capazes de enfrentar os EUA em um conflito direto. Ele também destaca que a polarização política em países como o Brasil pode ser usada para fins geopolíticos, aumentando a instabilidade na região.

Com informações da Agência Brasil