Palestinos retornam a Gaza e encontram cenário de destruição após cessar-fogo

Fim temporário dos ataques traz alívio e emoção a famílias que voltam para ruínas; Israel se prepara para receber reféns do Hamas

Publicado em 10 de outubro de 2025 às 14:18

Fim temporário dos ataques traz alívio e emoção a famílias que voltam para ruínas; Israel se prepara para receber reféns do Hamas
Fim temporário dos ataques traz alívio e emoção a famílias que voltam para ruínas; Israel se prepara para receber reféns do Hamas Crédito: Agência Brasil 

Depois de dois anos de bombardeios e isolamento, milhares de palestinos começaram a voltar para casa nesta sexta-feira (10), horas após o cessar-fogo entre Israel e Hamas entrar em vigor. As cenas registradas em vídeos mostram longas filas de pessoas atravessando estradas destruídas, entre escombros e poeira, em busca do que restou de suas moradias na Faixa de Gaza.

O cessar-fogo foi anunciado oficialmente ao meio-dia, no horário local, e marcou o início de uma nova fase do conflito que devastou Gaza. Segundo as Forças de Defesa de Israel, as tropas começaram a se reposicionar para permitir a volta dos reféns israelenses que estavam em poder do Hamas. Do outro lado, famílias palestinas que haviam sido obrigadas a se deslocar agora tentam retomar a vida em meio à destruição quase total das cidades.

O acordo foi mediado com apoio internacional e anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A primeira etapa prevê a interrupção imediata dos ataques e a libertação de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, após o retorno dos reféns israelenses. A partir daí, novas fases do plano de paz devem ser discutidas entre as partes envolvidas. Embora frágil, a trégua é vista como um passo importante para aliviar a crise humanitária que atinge milhões de pessoas na região.

O recuo das forças israelenses também mudou o cenário estratégico na região. O exército de Israel desocupou o posto de controle no Corredor Netzarim, ao sul da Cidade de Gaza, o que facilitou o fluxo de civis. Apesar da retirada, Israel ainda mantém controle sobre cerca de 53% do território palestino, uma redução em relação aos mais de 80% que controlava antes do cessar-fogo. A diminuição da presença militar é vista como simbólica, mas ainda insuficiente para garantir estabilidade duradoura.

Mesmo com o cessar-fogo, a sensação em Gaza é de alívio misturado à incerteza. Muitos moradores retornam sabendo que terão de reconstruir suas casas do zero, sem energia elétrica, abastecimento regular de água ou acesso pleno a hospitais. Organizações humanitárias alertam que o risco de colapso humanitário permanece alto e pedem que a trégua seja usada para ampliar o envio de ajuda à população. Enquanto isso, famílias se reúnem entre os destroços, tentando reconhecer o que restou do lugar que um dia chamaram de lar.

Elias Felippe (Estagiário sob supervisão de Cássio Leal, editor-chefe da tarde).