EUA temem escassez de armas e suspendem envio de mísseis para a Ucrânia

A decisão ocorre em meio à intensificação dos ataques russos contra cidades ucranianas e ao avanço das tropas de Moscou no front.

Publicado em 2 de julho de 2025 às 09:45

A decisão ocorre em meio à intensificação dos ataques russos contra cidades ucranianas e ao avanço das tropas de Moscou no front.
A decisão ocorre em meio à intensificação dos ataques russos contra cidades ucranianas e ao avanço das tropas de Moscou no front. Crédito: Reprodução/X

Os Estados Unidos anunciaram, nesta terça-feira (1), a suspensão do envio de determinados armamentos à Ucrânia, citando preocupações com a redução dos próprios estoques militares. A decisão ocorre em meio à intensificação dos ataques russos contra cidades ucranianas e ao avanço das tropas de Moscou no front.

Segundo a porta-voz adjunta da Casa Branca, Anna Kelly, a medida foi adotada “para colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar”. 

De acordo com o portal Politico e outros veículos da imprensa americana, a interrupção atinge principalmente sistemas de defesa aérea MIM-104 Patriot, mísseis antitanque AGM-114 Hellfire e artilharia de precisão. A decisão teria sido tomada após o Pentágono alertar sobre o risco de esvaziamento dos estoques militares dos EUA, dos quais sai a maior parte da ajuda enviada a Kiev.

Suspensão ocorre em meio a ofensiva russa e impasse diplomático

A redução no fornecimento de armas acontece em um momento delicado: a Ucrânia enfrenta uma nova onda de ataques aéreos da Rússia, enquanto fracassam tentativas de negociação. Após duas rodadas sem avanços em Istambul, os bombardeios russos se intensificaram significativamente.

Dados das Forças Armadas da Ucrânia mostram que, só em junho, a Rússia lançou 5.438 drones de ataque de longo alcance, o maior número desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Em maio, esse número havia sido de 3.974, um aumento de quase 37% em um mês. Os ataques noturnos são contabilizados diariamente por Kiev e não incluem outros tipos de armamentos usados nas frentes de batalha.

As defesas antiaéreas da Ucrânia têm sido sobrecarregadas, enquanto a população civil segue exausta após quase dois anos e meio de conflito.

Especialistas alertam para impacto militar e humanitário

Apesar do atual distanciamento entre Washington e Kiev, o governo de Donald Trump manteve parte da assistência militar iniciada durante o mandato de Joe Biden, que destinou mais de US$ 60 bilhões em ajuda bélica à Ucrânia desde 2022.

Segundo o analista John Hardie, especialista em Rússia da Fundação para a Defesa das Democracias (FDD), a suspensão de parte da ajuda pode ter efeitos graves.

“Embora essa redução não leve ao colapso das forças ucranianas, ela enfraquece seriamente as defesas do país, especialmente na interceptação de mísseis balísticos e ataques de precisão”, afirmou.

“Essa decisão pode resultar em mais mortes de soldados e civis, perda de território e destruição de infraestrutura crítica”, completou.

Novos ataques foram registrados nas últimas horas

Na madrugada desta quarta-feira (2), as autoridades ucranianas relataram novos ataques russos na região de Kharkiv. Um bombardeio com drones contra uma fazenda na cidade de Borivske deixou um morto e um ferido. Outros dois ataques causaram apenas danos materiais.

Em resposta, a Ucrânia assumiu um ataque contra uma refinaria de petróleo na região de Saratov, já em território russo. Segundo o Estado-Maior ucraniano, o local era utilizado para abastecer as tropas russas com combustível e lubrificantes.

Com informações do Metrópoles