Publicado em 15 de setembro de 2025 às 17:28
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) já provoca um dos maiores abalos diplomáticos recentes entre Brasil e Estados Unidos. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou neste fim de semana que o governo Trump dará uma resposta “na próxima semana ou algo assim” à decisão que sentenciou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.>
Em entrevista à Fox News, Rubio acusou o STF de “desintegrar o Estado de Direito” e criticou diretamente o ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, “há juízes ativistas” que não apenas perseguem Bolsonaro, mas também tentaram alcançar cidadãos americanos que publicaram conteúdos na internet dentro dos EUA. “Portanto, haverá uma resposta”, reforçou.>
A fala marca uma escalada retórica após a Casa Branca já ter sinalizado preocupação com o caso. Agora, Rubio insiste que a questão não se resume ao julgamento, mas representa “mais um capítulo de uma campanha de opressão judicial” que estaria afetando inclusive empresas e cidadãos norte-americanos.>
O secretário, que já havia se manifestado logo após o veredito, classificou Moraes como “violador de direitos humanos” e anunciou sanções pessoais contra ele e outras autoridades brasileiras — incluindo a suspensão de vistos. “Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas”, afirmou.>
O governo brasileiro reagiu com firmeza. Em nota, o Itamaraty repudiou as declarações e defendeu a independência do Judiciário:>
“Continuaremos a defender a soberania do país de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem. Ameaças como a feita pelo secretário de Estado norte-americano, que ataca autoridade brasileira e ignora as provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia.”>
O vice-secretário de Estado, Christopher Landau, endossou Rubio e foi além. Em publicação nas redes sociais, escreveu que a decisão do STF coloca as relações entre Brasil e Estados Unidos “em seu ponto mais sombrio em dois séculos”.>
A troca de farpas intensifica um cenário já delicado. Para analistas, a crise pode ter repercussões não apenas diplomáticas, mas também comerciais e estratégicas, em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30 e busca reforçar sua posição internacional.>
Com informações do Metrópoles>