Imigrantes presos nos EUA relatam maus-tratos e alimentação forçada de joelhos 'como cães'

As denúncias apontam que o tratamento humilhante e abusivo por parte dos agentes penitenciários é frequente

Publicado em 22 de julho de 2025 às 07:47

As denúncias apontam que o tratamento humilhante e abusivo por parte dos agentes penitenciários é frequente
As denúncias apontam que o tratamento humilhante e abusivo por parte dos agentes penitenciários é frequente Crédito: Reprodução 

Grupos de defesa dos direitos humanos denunciaram uma série de abusos contra imigrantes detidos em prisões do estado da Flórida, nos Estados Unidos. De acordo com relatórios divulgados nesta segunda-feira (21)  pela Human Rights Watch, Americans for Immigrant Justice e Sanctuary of the South, detentos em centros de detenção de imigrantes foram submetidos a condições degradantes, incluindo serem obrigados a comer ajoelhados, com as mãos algemadas nas costas, em pratos de isopor.

Os relatos foram obtidos por meio de entrevistas com pessoas presas em três instalações do estado. Em um dos casos descritos, dezenas de homens permaneceram por horas em uma cela, sem acesso ao almoço até por volta das 19h. Segundo os detentos, eles receberam a comida enquanto ainda estavam algemados e foram obrigados a se alimentar ajoelhados diante das cadeiras. “Tínhamos que comer como animais”, contou um dos presos, identificado como Pedro.

As denúncias apontam que o tratamento humilhante e abusivo por parte dos agentes penitenciários é frequente. No centro de processamento Krome North, localizado no oeste de Miami, mulheres relataram serem obrigadas a usar banheiros na frente de homens e a enfrentar a falta de chuveiros, alimentação adequada e cuidados específicos ao gênero.

Outro episódio citado nos documentos envolve o uso de um ônibus como local de detenção improvisado. Com a superlotação nas instalações, alguns detentos afirmaram ter ficado mais de 24 horas dentro do veículo, estacionado no pátio da prisão. Homens e mulheres eram mantidos juntos e só podiam sair para usar o banheiro, que logo ficou entupido. “O ônibus ficou nojento. Era um tipo de banheiro usado apenas para urinar, mas como passamos muito tempo lá e não deixaram a gente sair, algumas pessoas defecaram”, relatou um homem. “O cheiro de fezes tomou conta do ônibus.”

Após esse período, quando foram finalmente levados para dentro da unidade, muitos imigrantes relataram ter sido colocados em uma sala de admissão extremamente fria, onde chegaram a passar até 12 dias. O local foi apelidado pelos detentos de “la hielera” – a caixa de gelo. Eles dormiam no chão de concreto, sem cobertores nem roupas adequadas para enfrentar o frio.

O relatório ainda indica que, devido à superlotação em Krome, todas as salas disponíveis estavam sendo usadas para abrigar recém-chegados. “Quando saí, quase todas as salas de visita estavam lotadas. Algumas estavam tão cheias que os homens nem conseguiam sentar, todos tinham que ficar de pé”, contou Andrea, uma das detentas.

Com informações do Metrópoles