Jovens lideram onda de protestos que derruba governo na Bulgária

Pressão popular impulsionada pela Geração Z força renúncia do premiê Rosen Zhelyazkov após semanas de mobilizações contra corrupção e política econômica.

Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 11:12

Jovens lideram onda de protestos que derruba governo na Bulgária
Jovens lideram onda de protestos que derruba governo na Bulgária Crédito: Reprodução/Redes Sociais

A Bulgária voltou ao centro do debate político europeu após a renúncia do primeiro-ministro Rosen Zhelyazkov, anunciada nesta quinta-feira (11), em meio a um movimento nacional protagonizado por jovens. As manifestações, que se espalharam por Sófia e dezenas de cidades, pressionavam o governo diante de um cenário de insatisfação crescente com casos de corrupção, disputas políticas e a proposta de um novo orçamento considerado prejudicial pela população.

O recuo do governo em relação ao plano orçamentário para 2026, elaborado pela primeira vez com cifras em euros que previa aumento de contribuições sociais e impostos sobre dividendos, não freou a mobilização. Mesmo após o anúncio, milhares seguiram nas ruas denunciando o que classificam como “presunção e arrogância” das lideranças nacionais. Para o premiê, que se pronunciou em cadeia nacional pouco antes da votação de uma moção de desconfiança, os protestos refletem uma cobrança moral e não apenas econômica: “Não se trata de um protesto social, mas de valores”, afirmou.

A renúncia ocorre a poucas semanas da entrada oficial da Bulgária na zona do euro, prevista para 1º de janeiro, e soma-se a um histórico de instabilidade: o país já realizou sete eleições nacionais em quatro anos. Agora, cabe ao presidente Rumen Radev conduzir o processo de formação de um novo gabinete. Caso os partidos não cheguem a um consenso — cenário considerado provável, a Constituição prevê a nomeação de um governo interino até novas eleições.

Nas ruas, jovens da Geração Z entoavam palavras de ordem contra a corrupção e exibiam faixas com frases como “Bulgária jovem sem máfia” e “A Geração Z está chegando”. A mobilização, inicialmente pacífica, registrou confrontos quando grupos avançaram sobre sedes de partidos governistas, levando a um saldo de feridos e detenções pela polícia.

O fenômeno não é isolado. Movimentos liderados por jovens influenciam mudanças políticas em diversas partes do mundo. Países como Bangladesh, Nepal, Sri Lanka e Madagascar já assistiram à queda de governos após pressões semelhantes, enquanto outras nações, como Sérvia, Filipinas e Peru, enfrentam protestos de mesma natureza. A combinação de repertório digital, engajamento político e repúdio à corrupção transformou a Geração Z em uma força global de contestação.

Para líderes da oposição, a renúncia é apenas o início de um novo ciclo. “É o primeiro passo para que a Bulgária se torne um país europeu normal”, afirmou Asen Vassilev, do partido Continuamos a Mudança, que pede eleições livres e sem denúncias de manipulação. O gabinete de Zhelyazkov permanece em funções administrativas até a definição de um sucessor.

Enquanto o país tenta reorganizar seu cenário político, a presença massiva de jovens nas ruas reforça uma tendência internacional: uma geração que rejeita velhas estruturas de poder e coloca o combate à corrupção no centro da agenda pública.