Justiça da Argentina investiga suposto esquema de propinas que cita irmã de Javier Milei

Pelo menos 16 buscas foram realizadas em Buenos Aires; áudios atribuídos a ex-chefe da ANDIS mencionam Karina Milei e outros integrantes do governo.

Publicado em 23 de agosto de 2025 às 08:56

Karina Milei é investigada - 
Karina Milei é investigada -  Crédito: Redes sociais

A Justiça da Argentina realizou pelo menos 16 operações de busca e apreensão na última sexta-feira (22) como parte de uma investigação sobre um suposto esquema de propinas na Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (ANDIS). O caso ameaça atingir o círculo mais próximo do presidente Javier Milei, incluindo a irmã dele, Karina Milei, secretária da Presidência.

A apuração começou após a divulgação de áudios atribuídos ao ex-dirigente da ANDIS, Diego Spagnuolo, nos quais ele fala em pagamento de subornos envolvendo contratos de compra de medicamentos para o Estado. Nos registros, Spagnuolo cita Karina Milei e o subsecretário de gestão institucional, Eduardo “Lule” Menem, como possíveis beneficiários.

Em um dos áudios divulgados pela imprensa local, a voz atribuída a Spagnuolo afirma:

— "Estão roubando, você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os WhatsApps de Karina".

Outro trecho faz referência a suposta fraude na agência e a conversas com o próprio presidente Javier Milei. A veracidade dos áudios ainda não foi confirmada pela Justiça.

Até o momento, não houve prisões nem acusações formais. O chefe de gabinete argentino declarou que, segundo Milei, Spagnuolo nunca mencionou o suposto suborno. O presidente não se pronunciou publicamente.

Segundo o jornal Clarín, integrantes da Casa Rosada estariam evitando declarações enquanto não se sabe que provas o ex-dirigente da ANDIS pode apresentar.

Na operação, autoridades apreenderam carros, celulares e até uma máquina de contagem de dinheiro na casa de Spagnuolo, que foi proibido de deixar o país.

As buscas também incluíram a farmácia Suizo Argentina, uma das principais fornecedoras de medicamentos para a ANDIS. O proprietário teve US$ 266 mil (cerca de R$ 1,5 milhão) apreendidos. A empresa e seus dirigentes, Emmanuel, Jonathan e Eduardo Kovalivker, também estão impedidos de sair do país.

Além deles, o ex-diretor de Acesso a Serviços de Saúde da ANDIS, Daniel María Garbellini, também foi incluído na lista de investigados com restrição de viagem.