Publicado em 27 de agosto de 2025 às 18:42
O presidente da Argentina, Javier Milei, foi retirado às pressas de uma carreata em Lomas de Zamora, na região metropolitana de Buenos Aires, depois que manifestantes atiraram pedras e garrafas contra o veículo em que ele estava nesta quarta-feira (27). O ato fazia parte de uma mobilização do partido governista La Libertad Avanza, mas terminou em confusão entre apoiadores e opositores.>
Em publicação no X (antigo Twitter), Milei responsabilizou militantes ligados ao kirchnerismo e afirmou que a oposição recorre à violência por não apresentar alternativas. “Após passar por Lomas de Zamora, onde os kukas atiraram pedras por falta de ideias, voltaram a recorrer à violência. Nos dias 7/9 e 26/10, digamos nas urnas: kirchnerismo nunca mais”, escreveu. O presidente estava acompanhado de sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, e do deputado José Luis Espert, candidato às eleições legislativas de outubro.>
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram Milei acenando para apoiadores de cima da caçamba de uma picape momentos antes da confusão. Espert, que deixou o local de motocicleta, relatou que uma fotógrafa foi ferida por uma pedra. “Percorremos vários quarteirões em paz, com alegria, e de repente começaram a cair pedras muito perto do presidente”, disse à emissora TN.>
Após o episódio, aliados do governo intensificaram os ataques à oposição. O ministro da Defesa, Luis Petri, chamou a ação de “violência e atraso”. Já o secretário de Cultura, Leonardo Cifelli, classificou os agressores como “desequilibrados”. Sebastián Pareja, líder do La Libertad Avanza, afirmou que “a liberdade avança ou a Argentina regride”.>
O incidente ocorre em um momento delicado para Milei, que enfrenta crise política e queda de popularidade a menos de dois meses das eleições legislativas. Na última semana, áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência e amigo próximo do presidente, revelaram suspeitas de cobrança de propinas em contratos de medicamentos. Nas gravações, Spagnuolo cita Karina Milei como beneficiária e afirma que o próprio presidente tinha conhecimento do esquema.>
Além disso, o governo ainda sofre desgaste por episódios recentes, como o colapso da criptomoeda $Libra, promovida pelo próprio Milei antes de gerar prejuízos a milhares de investidores, e denúncias sobre a entrada de empresários no país com bagagens não fiscalizadas.>
Segundo pesquisas locais, a aprovação do presidente caiu de mais de 50% no início do mandato para 41% nas últimas semanas. O resultado das urnas em 26 de outubro, quando ocorrem as eleições legislativas, será visto como um teste crucial para a sobrevivência política de Milei e para o rumo de seu programa de austeridade econômica.>