Publicado em 21 de setembro de 2025 às 19:53
Correspondentes que atuam na cobertura diária do Pentágono, em Washington, enfrentam agora uma nova exigência do governo norte-americano: assinar um termo comprometendo-se a enviar suas reportagens para revisão oficial antes da publicação. Quem descumprir a regra terá o acesso ao prédio suspenso.>
A decisão foi recebida com forte reação de entidades ligadas à imprensa. O Clube Nacional de Imprensa classificou a medida como “um ataque direto ao jornalismo independente, justamente em um dos setores que mais necessitam de escrutínio público: as Forças Armadas dos EUA”. O presidente da entidade, Mike Balsamo, lembrou que, por gerações, repórteres revelaram ao público informações cruciais sobre guerras e operações militares.>
“Esse trabalho só foi possível porque os jornalistas não precisavam solicitar autorização ao governo. Se as reportagens passam a depender do aval de autoridades, o público perde acesso a informações independentes e recebe somente o que interessa ao poder”, declarou Balsamo.>
Organizações de defesa da liberdade de imprensa, como a Fundação Liberdade para Imprensa, foram ainda mais duras. Para a entidade, a política representa “a mais grave violação da Primeira Emenda da Constituição”, que protege a liberdade de expressão e de imprensa nos Estados Unidos.>
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, rebateu as críticas afirmando que “a imprensa não comanda o Pentágono”. Em tom desafiador, escreveu em rede social: “Use um crachá e siga as regras, ou vá para casa”. Segundo ele, a regra garante disciplina e respeito ao funcionamento da instituição.>
Escalada de tensões com a mídia>
O novo protocolo não é um caso isolado. Em maio, o Departamento de Defesa já havia limitado a circulação de jornalistas nos corredores do Pentágono, permitindo o acesso somente com autorização prévia e acompanhamento de escolta. Mais recentemente, o presidente Donald Trump ameaçou cassar licenças de emissoras críticas ao governo.>
O ambiente de confronto se intensificou na última semana, quando a rede ABC retirou do ar, após pressão da Casa Branca, o programa do apresentador Jimmy Kimmel, um dos críticos mais duros de Trump.>
Para analistas, a soma dessas medidas revela um movimento sistemático de restrição à imprensa, colocando em risco o princípio da transparência e o papel fiscalizador do jornalismo em relação às ações do governo e das Forças Armadas.>
Com informações da Agência Brasil>