Publicado em 2 de novembro de 2024 às 13:06
A morte é um tema delicado e, para muitos, difícil de abordar. No entanto, uma iniciativa desenvolvida pelos designers italianos Anna Citelli e Raoul Bretzel está chamando a atenção de quem busca uma alternativa mais simbólica e ecológica para a destinação dos corpos. A Capsula Mundi, projeto inovador, propõe transformar corpos em árvores, unindo o ciclo da vida à natureza de uma forma poética e sustentável.
Ao invés do tradicional caixão de madeira, a Capsula Mundi sugere que o corpo seja colocado em posição fetal dentro de uma cápsula em forma de ovo, feita de material biodegradável e desenvolvido a partir de plantas sazonais. Após o enterro, a cápsula transforma-se em uma árvore, que cresce ao longo do tempo e pode receber o cuidado e a visita de familiares. O projeto também permite que a árvore seja escolhida previamente pela pessoa, de forma que cada espécie tenha um significado único.
A ideia de transformar cemitérios em florestas vibrantes e acolhedoras em vez de locais cinzentos e frios é parte da proposta da Capsula Mundi. Os criadores explicam que o design foi pensado para integrar o ser humano à natureza, utilizando o ovo e a árvore como símbolos universais de vida e renascimento. Esse conceito transcende tradições culturais e religiosas, apresentando-se como uma abordagem laica e inclusiva sobre o ciclo de vida.
Apesar de o projeto ser inovador e ter atraído interesse, especialmente em países de língua inglesa onde os “cemitérios verdes” são mais comuns, a Capsula Mundi enfrenta obstáculos legais e culturais em alguns locais. Desde a sua primeira exibição em 2003, no Salone del Mobile, em Milão, os idealizadores têm trabalhado para divulgar e conscientizar as pessoas sobre a ideia, que busca, além da sustentabilidade, quebrar o tabu em torno da morte e oferecer um destino final mais harmonioso e integrado à natureza.