Transição à vista: Dom Alberto e Dom Orani se preparam para renúncia episcopal

Os arcebispos Dom Alberto Taveira Corrêa, de Belém, e Dom Orani João Tempesta, do Rio de Janeiro, estão prestes a formalizar seus pedidos de renúncia ao Papa Leão XIV, conforme determina o Código de Direito Canônico. A norma exige que bispos apresentem sua renúncia ao completarem 75 anos — idade que Dom Alberto alcança em 26 de maio e Dom Orani, em 23 de junho.

Outro nome que se aproxima do limite etário é Dom Carlos Verzeletti, da Diocese de Castanhal, que completa 75 anos em setembro. Apesar da obrigatoriedade do pedido, a decisão final sobre a saída de um bispo cabe ao Papa, que pode manter o líder no cargo por mais tempo, conforme necessidades pastorais — como ocorreu com Dom Odilo Scherer, em São Paulo.

Para preparar a transição na Arquidiocese de Belém, uma coletiva de imprensa será realizada em 21 de maio, quando será oficialmente apresentado Dom Julio Endi Akamine, arcebispo coadjutor nomeado em março. Indicado pelo Papa Francisco a pedido de Dom Alberto, Dom Julio vinha atuando como arcebispo em Sorocaba (SP).

Mesmo após enviar sua carta de renúncia, Dom Alberto continuará à frente da Arquidiocese de Belém até que sua saída seja aceita oficialmente. Ao deixar o cargo, passará a ser Arcebispo Emérito. Sua trajetória inclui 15 anos em Belém, 28 como arcebispo e mais de três décadas de episcopado. Já Dom Orani se destacou nacionalmente por sua atuação na CNBB e influência na Igreja brasileira.

A chegada de Dom Julio a Belém está marcada para 19 de maio, às 20h20, no Aeroporto Internacional. A recepção contará com cerimônia religiosa, cortejo e manifestações culturais, simbolizando o início de um novo ciclo para a Igreja na capital paraense.

Dom Orani: um marco na história da Igreja em Belém

Dom Orani João Tempesta, atual arcebispo do Rio de Janeiro, esteve à frente da Arquidiocese de Belém entre os anos de 2004 e 2009, período que foi marcado por uma gestão pastoral dinâmica e ativa junto às comunidades e incentivo à formação religiosa. Sua liderança coincidiu com importantes mudanças sociais e desafios urbanos na capital paraense, um olhar atento às realidades locais.

Durante seu episcopado em Belém, Dom Orani fortaleceu a organização interna da Arquidiocese. Ele também incentivou vocações e investiu na renovação das estruturas pastorais. Dom Orani também foi destaque ao aproximar a Igreja dos fiéis por meio de eventos religiosos, como o Círio de Nazaré, que sob sua condução ganhou maior visibilidade nacional e internacional.

Sua atuação em Belém consolidou sua reputação dentro da Igreja no Brasil, abrindo caminho para sua nomeação como arcebispo do Rio de Janeiro em 2009, se consagrando uma das vozes mais influentes do episcopado brasileiro.

Dom Alberto Taveira: Uma década e meia de liderança e fé em Belém

Dom Alberto Taveira Corrêa assumiu a Arquidiocese de Belém no ano de 2010, se tornando figura central na vida religiosa da capital paraense por 15 anos.

Durante seu mandato, Dom Alberto se destacou por reforçar o protagonismo da Igreja em temas sociais, ampliou a presença das pastorais nas periferias e consolidou programas de evangelização e formação na cidade das mangueiras. Foi também sob sua liderança que o Círio de Nazaré — uma das maiores manifestações religiosas do mundo — ganhou ainda mais projeção internacional.

Sua comunicação direta com os fiéis, presença constante nas celebrações e incentivo à juventude e às vocações sacerdotais fizeram dele uma referência respeitada dentro e fora do Estado. Foi ele o responsável por abrir espaço para a modernização da estrutura arquidiocesana e preparar a transição com a chegada de Dom Julio Endi Akamine, nomeado arcebispo coadjutor.