Trump e Zelensky selam aproximação em meio a críticas russas durante Assembleia da ONU

Reuniões paralelas em Nova York expõem disputas diplomáticas, avanços militares da Ucrânia e reação do Kremlin às falas do republicano.

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 07:32

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Crédito: Reprodução Instagram @zelenskyy_official e @realdonaldtrump

A 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, transformou-se em palco para uma disputa de narrativas sobre a guerra na Ucrânia. Enquanto Volodymyr Zelensky reforçou apelos por sanções e mais pressão internacional contra Moscou, o ex-presidente norte-americano Donald Trump destacou a resistência de Kiev e defendeu uma saída rápida para o conflito.

O encontro entre Trump e Zelensky, realizado na última terça-feira (23), foi o quarto desde o retorno do republicano à Casa Branca. O presidente ucraniano sublinhou conquistas recentes de seu exército e insistiu que a continuidade do apoio ocidental é essencial para conter a ofensiva russa. “Seguiremos lutando até que Moscou cesse esta guerra. Para isso, precisamos de mais pressão e sanções”, afirmou.

Trump, por sua vez, classificou como “impressionante” a capacidade de resistência ucraniana. “Esta é uma guerra que deveria ter terminado em poucos dias. Já se passaram mais de três anos e meio, e a Rússia parece encurralada”, disse o republicano. Ainda assim, ele condicionou o papel dos Estados Unidos às circunstâncias, sugerindo que países da Otan devem estar prontos para agir em caso de violações russas no espaço aéreo europeu.

Pouco depois da reunião, foi a vez do chanceler russo Sergey Lavrov se reunir com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. Moscou informou que os dois discutiram alternativas para uma solução pacífica, retomando entendimentos de cúpulas anteriores, como a de Anchorage, no Alasca. O Kremlin, porém, acusou Kiev e aliados de prolongarem a guerra ao rejeitar concessões territoriais.

Washington, em resposta, reafirmou que cabe à Rússia tomar “medidas significativas” para encerrar o conflito. Ainda assim, analistas apontam que, apesar da postura firme dos Estados Unidos, a influência norte-americana não é suficiente para ditar os rumos da guerra, diante do peso das ações de Moscou, Kiev e União Europeia.

Em discurso à Assembleia da ONU, Zelensky ampliou o tom de alerta, acusando o governo de Vladimir Putin de expandir a guerra para além da Ucrânia. Segundo ele, drones russos já sobrevoam outros países da Europa. “Estamos vivendo a corrida armamentista mais destrutiva da história. A Ucrânia foi apenas o início, e ninguém pode se sentir seguro agora”, afirmou.

As falas provocaram reação imediata do Kremlin. O porta-voz Dmitry Peskov ironizou a declaração de Trump, que havia classificado a Rússia como um “tigre de papel”. “A Rússia é mais frequentemente associada a um urso. E não existem ursos de papel. A Rússia é um urso de verdade”, disse.

Apesar das trocas diplomáticas e da reabertura de canais de diálogo, as negociações de paz seguem bloqueadas. Moscou insiste no reconhecimento internacional da Crimeia e de outras áreas ocupadas, enquanto Kiev mantém a exigência de recuperar integralmente suas fronteiras.