Vacinas contra a Covid-19 salvaram cerca de 15 milhões de vida no mundo, aponta estudo de Stanford

Pesquisa revela impacto profundo da imunização global, mas destaca desigualdade no acesso às vacinas entre países ricos e pobres.

Publicado em 30 de julho de 2025 às 14:56

A vacina da covid-19 é atualizada anualmente para as novas variantes do vírus.
A vacina da covid-19 é atualizada anualmente para as novas variantes do vírus. Crédito: Rovena Rosa - Agência Brasil

Um estudo internacional conduzido por cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, trouxe novas dimensões sobre o impacto global da vacinação contra a Covid-19. De acordo com a pesquisa, entre 2020 e 2024, a aplicação dos imunizantes foi responsável por adicionar cerca de 14,8 milhões de anos de vida à população mundial em 185 países e territórios.

Ao contrário de análises que se limitam ao número de mortes evitadas, o levantamento adotou uma abordagem mais abrangente: a métrica dos “anos de vida adicionados”. Essa metodologia considera, além da vida salva, a expectativa de vida de cada indivíduo. Assim, impedir o óbito de uma pessoa jovem, por exemplo, representa um ganho maior em termos de tempo de vida poupado para a sociedade do que evitar a morte de alguém com idade avançada.

Publicado na sexta-feira (25), na revista científica JAMA Health Forum, o estudo estima que uma morte foi evitada a cada 5.400 doses aplicadas, e um ano de vida foi salvo a cada 900 doses administradas. O cálculo partiu da base de 13,64 milhões de doses de vacina aplicadas no planeta desde o início da pandemia.

Apesar dos resultados expressivos, os dados também escancaram uma realidade preocupante: a maioria dos anos de vida salvos está concentrada em países de renda alta ou média-alta. Nas regiões mais pobres do mundo, onde o acesso aos imunizantes foi mais limitado, os ganhos foram visivelmente menores, revelando um abismo na distribuição global das vacinas.

Os autores da pesquisa alertam que a eficácia das vacinas poderia ter sido ainda maior caso houvesse uma distribuição mais equitativa entre os países. Para eles, a experiência da pandemia deixa uma lição clara: garantir justiça no acesso a recursos de saúde deve ser prioridade em futuras crises sanitárias.

Além disso, os pesquisadores lembram que o cenário da Covid-19 continua evoluindo. Se no início da pandemia sintomas como perda de olfato eram comuns, hoje os quadros mais frequentes se assemelham aos de uma gripe comum, com coriza, tosse e dor de garganta, além de relatos de insônia e ansiedade, especialmente em casos envolvendo variantes como a JN.1.