Publicado em 12 de janeiro de 2025 às 21:07
Os fortes ventos do deserto devem voltar a Los Angeles neste domingo, 12, complicando a batalha contra os incêndios florestais que se alastram há quase uma semana e deixaram pelo menos 16 mortos. >
O maior incêndio, o Palisades, avançava mesmo enquanto os bombeiros conseguiam conter o fogo em algumas áreas. O ímpeto das chamas em direção a uma rua de casas multimilionárias em Mandeville Canyon, no bairro de Brentwood, havia sido praticamente interrompido ontem, mas apenas 11% do incêndio foi detido.>
"As condições climáticas continuam críticas", alertou Michael Traum, do serviço de Emergência da Califórnia. A previsão é que os ventos do deserto de Santa Ana, responsáveis por impulsionar os incêndios, se intensifiquem neste domingo e ganhem ainda mais força a partir de segunda-feira. A situação deve continuar adversa para os bombeiros pelo menos até a quarta-feira.>
Combinados, os incêndios Palisades, Eaton, Kenneth e Hurst consumiram cerca de 160 quilômetros quadrados, uma área maior que São Francisco. Os dois primeiros foram responsáveis pela maior parte da devastação.>
O incêndio de Eaton provocou pelo menos 11 mortos e está entre os mais letais da história da Califórnia. As outras cinco mortes estão relacionadas ao Palisades. E autoridades alertam que o número de vítimas tende a aumentar porque muitas pessoas ainda estão desaparecidas.>
As ordens de retirada atingem outras 150 mil pessoas, informou Michael Traum. Os que puderam voltar, ainda em meio à fumaça e chamas, para avaliar os danos encontraram suas casas em ruínas. Tudo estava retorcido, destruído, coberto de cinzas.>
"Tudo se foi", lamentou Jose Luis Godinez, morador de Altadena, falando em espanhol. "Toda a minha família vivia nessas três casas, e agora não temos nada".>
Enquanto novas ordens de retirada eram emitidas neste fim de semana, havia temores de que os ventos pudessem empurrar os incêndios em direção ao Museu J. Paul Getty e à Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA). O Palisades ameaçava ainda atravessar a rodovia Interstate 405, em direção a áreas densamente povoadas em Hollywood Hills e no Vale de San Fernando>
Equipes da Califórnia e de outros nove Estados correm contra o tempo para conter as chamas. O esforço inclui 1.354 caminhões de bombeiros, 84 aeronaves e mais de 14 mil pessoas.>
A batalha contra os incêndios conta ainda com o apoio de México e Canadá. Os países vizinhos dos Estados Unidos enviaram bombeiros e equipamentos para a Califórnia como expressão de solidariedade, disseram seus líderes.>
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse que a equipe estava carregando "a coragem e o coração do México". A missão, de acordo com a agência de proteção civil do México, era " apoiar a luta " contra os incêndios. O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, por sua vez, postou o vídeo de um avião bimotor jogando água no incêndio com a legenda "vizinhos ajudando vizinhos".>
O departamento que atua na proteção contra incêndios da Califórnia agradeceu e disse que os apoios de México, Canadá e Estados americanos eram "cruciais não apenas para os esforços de contenção, mas também para fornecer o alívio muito necessário aos bravos bombeiros na linha de frente".>
Autoridades são alvo de críticas>
A crise que se arrasta há quase uma semana pressiona as autoridades da Califórnia. O Estado, que é reduto do Partido Democrata, e os incêndios entraram no meio da disputa política nos EUA. Sem citar nomes, o presidente eleito Donald Trump voltou a criticar o governo local neste domingo. "Os políticos incompetentes não têm ideia de como apagar (os incêndios em LA)", escreveu nas redes sociais.>
A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, enfrenta acusações de falhas de gestão, disputas políticas e investigações. Esse é um teste crítico para administração da cidade que enfrenta a maior crise em décadas.>
Por sua vez, o governador Gavin Newsom ordenou que autoridades estaduais determinassem por que um reservatório de 117 milhões de galões (440 milhões de litros) estava fora de serviço e por que alguns hidrantes ficaram sem água no começo dos incêndios.>
A chefe do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, Kristin Crowley, afirmou que a liderança da cidade falhou com seu departamento ao não fornecer dinheiro suficiente para o combate aos incêndios. Ela também criticou a falta de água. "Quando um bombeiro chega a um hidrante, esperamos que haja água", disse Crowley.>