Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 08:25
Nesta semana, o governo federal e o Congresso Nacional chegaram a um entendimento para aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 com celeridade, um movimento incomum que insere no calendário eleitoral a abertura de um cronograma para liberação de R$ 13 bilhões em emendas parlamentares até três meses antes da eleição.>
Por que a aprovação veio tão cedo>
Diferente de anos anteriores, quando a LDO era aprovada às vésperas do recesso, o texto foi aprovado já na primeira semana de dezembro. Para especialistas consultados, como o cientista político Leandro Gabiati, o acordo rápido revela uma aliança estratégica:>
“A aprovação do Orçamento se dá por conveniência mútua. Interessa ao governo iniciar 2026 com o orçamento liberado, e ao Parlamento abrir emendas para suas bases.”>
As emendas, que acabam sendo direcionadas a projetos locais, obras e benefícios regionais, funcionam como instrumento de mobilização eleitoral, e, neste caso, chegam no momento em que o calendário político começa a esquentar.>
“Trégua” temporária entre Poderes>
Embora o acerto represente um compromisso conjunto neste momento, cientistas políticos como Christian Lynch, da UERJ, interpretam o episódio como uma trégua tátil, não uma reconciliação duradoura. Segundo ele, a proximidade entre Executivo e Legislativo deve permanecer pontual e estratégica, acentuando a fragmentação institucional controladamente até as eleições.>
Para o também professor Ricardo Caldas, da UnB, aprovar a LDO agora representou uma perda de instrumentos de barganha por parte de lideranças da oposição, que poderiam usar o impasse para vetar pautas como a anistia parlamentar.>
O que muda para 2026>
• Recursos orçamentários liberados mais cedo, permitindo que o governo e congressistas comecem o ano eleitoral com caixa aberto para obras e benefícios.>
• Emendas parlamentares com possibilidade de uso imediatamente, o que tende a intensificar a presença de investimentos, especialmente em regiões eleitorais.>
• Pressão sobre deputados e senadores aumenta: a expectativa pública será de entrega rápida, com obras e resultados perceptíveis, para justificar o uso de verba pública antes da disputa eleitoral.>