Publicado em 7 de outubro de 2025 às 13:43
O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (CCFGTS), formado por representantes do governo, trabalhadores e empregadores, aprovou nesta terça-feira (7) novas regras que restringem o crédito para antecipação do saque-aniversário do FGTS.
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A principal mudança é a limitação do valor que pode ser antecipado. A partir de agora, o trabalhador só poderá adiantar entre R$ 100 e R$ 500 por parcela anual, com um teto de cinco parcelas no primeiro ano, totalizando até R$ 2.500. Antes, não havia limite: o empregado podia antecipar o saldo integral da conta.>
As novas regras passam a valer assim que a Caixa Econômica Federal atualizar seus sistemas, com prazo final até 1º de novembro.>
O que é o saque-aniversário>
Criado em 2017, no governo de Jair Bolsonaro, o saque-aniversário permite que o trabalhador retire parte do saldo do FGTS todos os anos, no mês de seu aniversário. A adesão é opcional.>
Muitos trabalhadores optam por antecipar várias parcelas dessa retirada anual, contratando empréstimos em bancos, uma prática que, segundo o governo, se tornou excessiva e prejudicial. Em média, cada trabalhador adiantava oito parcelas do saque-aniversário por meio de crédito com juros.>
O que muda com a decisão do Conselho>
As novas regras trazem limites mais rígidos à antecipação e novas exigências para as instituições financeiras. Confira os principais pontos:>
• Limite de valor: o trabalhador poderá antecipar entre R$ 100 e R$ 500 por parcela anual; antes, não havia tetos>
• Limite de parcelas: será possível antecipar até cinco parcelas no primeiro ano (fase de transição). Depois, o máximo será de três parcelas.>
• Uma operação por ano: o trabalhador só poderá contratar um crédito de antecipação por ano. Antes, era possível fazer várias operações simultaneamente.>
• Prazo mínimo: os bancos só poderão liberar o crédito 90 dias após a adesão ao saque-aniversário. Atualmente, 26% dos contratos são feitos no mesmo dia da adesão.>
Críticas do governo>
O Ministério do Trabalho tem sido um dos principais críticos do saque-aniversário. O ministro Luiz Marinho afirma que a modalidade se transformou em uma “armadilha” para os trabalhadores.>
“O trabalhador, ao aderir à antecipação, acaba ficando com os recursos bloqueados quando é demitido. Além disso, o FGTS perde força como fundo de investimento em habitação e infraestrutura”, disse Marinho.>
O ministro também alertou que muitos trabalhadores usam o dinheiro antecipado para gastos impulsivos, inclusive jogos online.>
“Essas antecipações, às vezes de R$ 100, são usadas até em jogos como o tigrinho. Isso enfraquece o FGTS e prejudica o próprio trabalhador”, afirmou.>
Alternativa: crédito consignado para o setor privado>
A limitação da antecipação vem acompanhada de uma nova opção de crédito. O governo anunciou a possibilidade de empréstimo consignado para trabalhadores do setor privado, usando o FGTS como garantia.>
• O trabalhador poderá usar até 10% do saldo do FGTS e 100% da multa rescisória (40% do saldo em caso de demissão sem justa causa) como garantia.>
• Em agosto, a taxa média de juros do consignado foi de 3,79% ao mês, quase o dobro do teto de 1,86% cobrado na antecipação do saque-aniversário.>
• Mais de R$ 15,7 bilhões em contratos antigos já foram migrados para a Carteira de Trabalho Digital, e a expectativa é que o valor chegue a R$ 40 bilhões até outubro.>
Menos dinheiro para os bancos, mais para o trabalhador>
O governo também alterou a divisão dos recursos do saque-aniversário. A partir de agora:>
• 70% do valor sacado ficará com o trabalhador;>
• 30% será o limite que os bancos poderão reter para quitar empréstimos.>
Atualmente, ocorre o inverso: os bancos ficam com 70% e os trabalhadores com 30%.>
Com a mudança, o governo estima que R$ 86 bilhões deixarão de ir para os bancos até 2030.>
Governo queria acabar com o saque-aniversário>
Desde o início do governo Lula, o Ministério do Trabalho defendia o fim do saque-aniversário, argumentando que ele compromete a função social do FGTS.>
No entanto, diante da resistência do Congresso e da queda na popularidade do governo, o ministro Luiz Marinho anunciou, em fevereiro, que o encerramento da modalidade foi descartado.>
“O Parlamento diz que não há chance de o fim do saque-aniversário prosperar. Então não vou insistir. Quem sabe no futuro se rediscuta isso”, afirmou o ministro.>
Em resumo>
As novas regras reduzem o acesso rápido ao dinheiro do FGTS, mas o governo argumenta que isso é necessário para proteger o fundo e evitar endividamento.>
Já para os trabalhadores, a medida limita a flexibilidade financeira, mas promete maior segurança a longo prazo.>
Com informações do G1>