Irregularidade na Câmara leva TCU a abrir processo contra ex-gabinete de André Fufuca

A revelação de que André Fufuca (PP-MA) manteve uma funcionária fantasma na Câmara dos Deputados reacendeu questionamentos sobre a trajetória política do atual ministro do Esporte, licenciado do mandato parlamentar desde 2023. O caso, divulgado nesta segunda-feira (15), se soma a outras apurações e controvérsias que já acompanharam o político maranhense ao longo dos últimos anos.

Uma análise administrativa da própria Câmara concluiu que uma servidora lotada no gabinete da Quarta-Secretaria, entre 2019 e 2020, recebeu salários sem prestar serviços efetivos. Diante do resultado, o Tribunal de Contas da União (TCU) instaurou uma Tomada de Contas Especial, procedimento que busca dimensionar o prejuízo aos cofres públicos, apontar responsáveis e viabilizar eventual ressarcimento.

O episódio ocorreu no período em que Fufuca ocupava um cargo de destaque na Mesa Diretora da Casa, durante a presidência de Rodrigo Maia. Mesmo jovem, o deputado já havia consolidado espaço no Congresso após migrar para o Partido Progressista, legenda ligada a lideranças do Centrão, como Ciro Nogueira e Arthur Lira.

Natural de Santa Inês (MA), André Luiz Carvalho Ribeiro adotou politicamente o apelido herdado do pai, Francisco Dantas Ribeiro Filho, conhecido como Fufuca Dantas, que comandou a Prefeitura de Alto Alegre do Pindaré até o ano passado. Justamente a relação familiar levou outro capítulo à lista de questionamentos: emendas parlamentares destinadas por Fufuca ao município administrado pelo pai passaram a ser analisadas pelo Ministério Público junto ao TCU. A Codevasf reconheceu prejuízo em um contrato firmado com recursos de emenda de 2020, conforme revelado pelo portal UOL.

Antes disso, o hoje ministro já havia sido alvo de um inquérito da Polícia Federal por suspeita de compra de votos nas eleições de 2018, quando buscava a reeleição para a Câmara. A investigação acabou arquivada em setembro de 2025, após sete anos de tramitação.

A carreira política de Fufuca começou cedo. Ele foi eleito deputado estadual em 2010, pelo PSDB do Maranhão, antes mesmo de concluir o curso de medicina. Em 2014, conquistou o primeiro mandato como deputado federal, então pelo Partido Ecológico Nacional (PEN), legenda que mais tarde seria rebatizada.

Em 2023, já no terceiro mandato consecutivo na Câmara, Fufuca deixou temporariamente o Legislativo para assumir o Ministério do Esporte, substituindo Ana Moser. A troca ocorreu no contexto de um acordo político entre o PP e o Palácio do Planalto, que buscava ampliar a base de apoio do governo Lula no Congresso.

A permanência no cargo, no entanto, gerou atrito com o próprio partido. Em outubro deste ano, após o rompimento formal do PP com o governo federal, Fufuca se recusou a deixar o ministério e acabou punido pela sigla. A decisão resultou em seu afastamento da vice-presidência nacional do partido e da liderança da legenda no Maranhão.

Com a nova apuração sobre a funcionária fantasma, o nome de André Fufuca volta ao centro do noticiário político, agora sob o escrutínio dos órgãos de controle, enquanto ele segue à frente da pasta do Esporte no governo federal.