Lula retorna do Canadá sob pressão e crise na base aliada

Presidente enfrenta derrotas no Congresso e desgaste com indiciamento de Luiz Fernando Corrêa, acusado de obstruir investigação da PF sobre a Abin Paralela. Aliados cobram presença ativa de Lula na articulação política.

Publicado em 18 de junho de 2025 às 10:57

Lula (PT) - reprodução
Lula (PT) - reprodução Crédito: Conteúdo Estadão 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornou ao Brasil nesta quarta-feira (18) após viagem ao Canadá e já tem duas crises urgentes para administrar: a insatisfação crescente entre sua base aliada no Congresso e o indiciamento do diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, pela Polícia Federal.

A tensão política ficou evidente nas duas derrotas sofridas pelo governo no Congresso Nacional nesta semana. A primeira foi a rejeição do pedido de urgência do Projeto de Decreto Legislativo que tenta revogar o aumento do IOF — movimento que evidenciou o racha interno entre partidos da base. A segunda derrota veio logo depois, com a derrubada de vetos presidenciais a trechos polêmicos (“jabutis”) incluídos no projeto de energia eólica offshore.

Ao mesmo tempo, o presidente também precisará se posicionar sobre o indiciamento de Corrêa no inquérito da chamada “Abin Paralela”. A PF acusa o diretor de tentar obstruir investigações sobre um suposto esquema de espionagem ilegal contra adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro. Corrêa é homem de confiança de Lula, o que torna a situação ainda mais delicada.

Dentro do Planalto, o clima é de alerta. Ministros e articuladores políticos esperam que o presidente evite viagens nacionais ou internacionais em dias de votação decisiva. Lula deve permanecer em Brasília nas próximas duas semanas, antes de partir para compromissos no exterior: em 3 de julho, ele participa da Cúpula do Mercosul, na Argentina, e nos dias 6 e 7 será anfitrião da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro.

A permanência do presidente em Brasília é vista como essencial para reorganizar a base governista e evitar novos desgastes. Caso contrário, o risco de novas derrotas e o enfraquecimento da governabilidade aumentam consideravelmente às vésperas do recesso parlamentar.