Oposição articula novo pedido de impeachment contra Moraes durante recesso na Câmara

A liderança da oposição na Câmara dos Deputados se mobiliza para interromper o recesso parlamentar e apresentar um novo pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A iniciativa é liderada pelo deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), recém-empossado como líder dos oposicionistas na Casa, que convocou parlamentares para estarem em Brasília na próxima segunda-feira (29).

Antes do protocolo do pedido, os deputados devem conceder uma entrevista coletiva marcada para as 16h, no Salão Verde da Câmara. Como a representação é direcionada a um integrante da Suprema Corte, o pedido de impeachment precisa ser formalmente apresentado ao Senado Federal, responsável por analisar esse tipo de denúncia.

Em comunicado divulgado pela liderança da oposição, os parlamentares afirmam que o recesso será suspenso novamente diante da gravidade do cenário político-institucional. “Não é possível permanecer inerte diante do tamanho absurdo institucional que o Brasil está vivendo. A gravidade do momento exige responsabilidade, coragem e ação”, diz a nota.

A ofensiva dos deputados ocorre poucos dias após senadores da oposição protocolarem, na terça-feira (23), outro pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes. A iniciativa no Senado teve como base uma reportagem do jornal O Globo, que revelou trocas de mensagens entre o ministro do STF e Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, envolvendo o Banco Master.

Segundo os senadores autores do pedido, os fatos descritos pela imprensa podem caracterizar conflito de interesses. Na avaliação deles, Moraes teria utilizado o peso institucional do cargo para atuar em favor de interesses privados específicos, o que, se comprovado, configuraria infração passível de impeachment.

A pressão da oposição sobre o Judiciário e o Congresso não é recente. Em julho, a bancada bolsonarista já havia defendido a retomada das atividades parlamentares durante o chamado “recesso branco”, após o STF impor medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu proibir a realização de reuniões de comissões enquanto durasse o recesso.

Agora, com um novo pedido de impeachment em preparação, a oposição volta a intensificar o embate institucional, buscando ampliar o debate político sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes.