Senado aluga SUVs de luxo por R$ 47 milhões e dobra gastos com frota oficial

O Senado justifica a opção pela locação como uma forma de garantir previsibilidade de custos e renovação periódica da frota.

Publicado em 23 de outubro de 2025 às 20:06

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Senado Federal - Crédito: Jonas Pereira/Agência Senado

O Senado Federal firmou um novo contrato de locação de veículos que mais do que duplicou o custo da frota oficial. A Casa passou a alugar 79 SUVs de luxo com teto solar, além de uma minivan adaptada, por R$ 796,5 mil mensais — valor bem acima dos R$ 377,8 mil pagos no acordo anterior. O contrato foi fechado com a Quality Aluguel de Veículos S/A e terá duração de cinco anos, totalizando R$ 47,7 milhões.

Os novos automóveis substituem os antigos modelos sedã e trazem um padrão mais sofisticado, com Wi-Fi nativo, Google Assistente, motor 1.5 turbo de 177 cv e acabamento premium. De acordo com o edital, a empresa contratada é responsável por todos os custos operacionais — combustível, manutenção, seguros e taxas —, sem fornecimento de motorista. O Senado justifica a opção pela locação como uma forma de garantir previsibilidade de custos e renovação periódica da frota.

A Casa também argumenta que os SUVs oferecem maior segurança institucional, pois dificultam a visualização do interior e permitem melhor resposta em manobras evasivas. O uso dos veículos é restrito a senadores, diretor-geral e secretário-geral da Mesa, com circulação limitada ao Distrito Federal e Entorno. Atualmente, cinco parlamentares abriram mão do benefício, enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), dispõe de dois Toyota SW4 blindados, alugados por R$ 719,6 mil em dois anos e meio.

Em comparação, o contrato anterior previa Toyota Corolla e Nissan Sentra ou similares. Agora, os senadores passam a utilizar Chevrolet Equinox Activ ou RS 2025, avaliados entre R$ 242 mil e R$ 287 mil cada. A troca de categoria e o salto no investimento chamaram atenção por ocorrerem em um momento de forte cobrança por austeridade nos gastos públicos.

A decisão do Senado segue uma tendência recente em outros órgãos do Judiciário e Legislativo. O Tribunal Superior do Trabalho (TST), por exemplo, adquiriu 30 carros de luxo Lexus ES 300H por cerca de R$ 10,3 milhões, também sob críticas de excesso.