Publicado em 15 de agosto de 2025 às 14:21
Sob pressão do Supremo Tribunal Federal e com o Senado em ebulição, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), articula a volta do Conselho de Ética, desativado há mais de um ano, como alternativa institucional para lidar com condutas questionáveis dos senadores, como no senador Marcos do Val (Podemos-ES). A iniciativa surge em meio à escalada de tensão entre Legislativo e Judiciário.>
Reativação simbólica e estratégica>
O Conselho de Ética encontra-se inativo desde o fim do mandato do senador Jayme Campos (União Brasil-MT), que o presidiu até o início deste ano. Sem liderança e sem votação interna, o órgão ficou paralisado e longe do noticiário até que o caso de Marcos do Val o trouxe de volta à pauta.>
Alcolumbre já solicitou aos líderes partidários que indiquem os nomes que irão compor o colegiado, um passo fundamental para viabilizar sua instalação. A medida é vista como forma de fortalecer o poder sancionador do Senado sobre seus membros e reduzir a dependência de decisões judiciais externas.>
No caso específico de Marcos do Val, que enfrenta medidas como uso de tornozeleira eletrônica, bloqueio de salário, verba de gabinete, passaporte diplomático suspenso e restrições nas redes sociais, Alcolumbre estudou um afastamento temporário de seis meses como alternativa negociada.>
Em contrapartida, a Advocacia-Geral do Senado prepararia um pedido para que o STF alivie as cautelares que restringem o mandato do senador. A busca por uma “saída honrosa” tem sido um tema recorrente entre líderes, que chegam a classificar Do Val como “um problema” dentro da Casa.>
Alcolumbre, porém, evita optar por uma cassação, preferindo um afastamento decidido pela Mesa Diretora em vez de longas votações em plenário, que poderiam escalar o conflito com o STF.>
Resistência, críticas e política interna>
Marcos do Val rejeita qualquer negociação sob pressão: “Não negocio com bandido”, afirmou, em referência ao ministro Alexandre de Moraes. Em discurso no plenário, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) chegou a denunciar “chantagem” contra o colega, acusando o STF de impedir seu pleno exercício como parlamentar, chegando a chamar as medidas de “humilhação”.>
O Conselho de Ética, criado em 1993, tem competência para aplicar sanções como advertência, censura, suspensão temporária e até cassação de mandato, ainda que essa última só se dê mediante julgamento em plenário e por maioria absoluta. A ativação deste colegiado atende a uma lógica de preservação institucional e autonomia do Senado, evitando atordoamentos com decisões externas.>