STF torna Eduardo Bolsonaro em réu por suposta articulação de sanções nos EUA

Parlamentar responderá por coação após decisão unânime da Primeira Turma.

Publicado em 26 de novembro de 2025 às 09:37

Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro Crédito: Pedro França/Agência Brasil

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, dar prosseguimento à denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que agora passa a figurar como réu em um processo criminal por coação. A deliberação, concluída na madrugada desta quarta-feira (26), ocorreu no plenário virtual da corte.

A denúncia foi acolhida pelos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. Com a decisão, a investigação entra na chamada fase de instrução, etapa em que testemunhas serão ouvidas, novas provas poderão ser coletadas e o parlamentar prestará depoimento.

Segundo a PGR, Eduardo Bolsonaro teria articulado, a partir dos Estados Unidos, pressões diplomáticas e possíveis sanções econômicas voltadas a autoridades brasileiras. Ele está no país norte-americano desde fevereiro, e sua estadia prolongada, segundo a acusação, teria como objetivo interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado nesta terça-feira (26), a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.

No voto que abriu o placar, Moraes afirma que existem indícios robustos de que o deputado atuou para criar um cenário internacional de instabilidade com o intuito de pressionar ministros do Supremo e influenciar decisões relacionadas ao ex-presidente. O relator citou tratativas para suspensão de vistos de magistrados e familiares, a possibilidade de aplicar a Lei Magnitsky, legislação americana usada para punir estrangeiros acusados de violar direitos humanos, e sugestões de sanções a setores econômicos brasileiros.

“Há elementos que sugerem que as ações de Eduardo Nantes Bolsonaro buscavam fomentar um ambiente de ameaça institucional, utilizando o risco de prejuízos diplomáticos e econômicos ao Brasil como forma de coagir esta Corte a favorecer Jair Messias Bolsonaro”, escreveu Moraes.

Com a denúncia formalmente recebida, o caso segue seu curso dentro da Suprema Corte, que deverá avaliar, após a produção de provas, se o deputado será ou não condenado pelo crime de coação previsto na legislação penal brasileira.