ASSOBIO lança roteiro para aproximar visitantes da cadeia produtiva sustentável amazônica

Com foco em vivências do sistema produtivo que vem da floresta, os Roteiros são uma estratégia de valorização da sociobioeconomia regional

Publicado em 22 de julho de 2025 às 10:16

Tainah Fagundes, coordenadora de projetos e conselheira da ASSOBIO - 
Tainah Fagundes, coordenadora de projetos e conselheira da ASSOBIO -  Crédito: Divulgação

A Associação de Sociobioeconomia da Amazônia (ASSOBIO) lançou, durante a Semana do Clima da Amazônia, o 1º de uma série de roteiros cuja finalidade é aproximar o público em geral da cadeia produtiva dos empreendimentos ligados à sociobioeconomia amazônica. O primeiro roteiro aconteceu na sexta-feira (18), no Sítio da Cruz – Chocolate Regional, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém. No sítio, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer de perto todas as etapas da produção artesanal do chocolate amazônico: do cultivo do cacau nativo no sistema agroflorestal até a transformação em barras de chocolate, com direito à degustação dos produtos e contato com os próprios produtores. Em uma área urbana, o sítio mostra que é possível produzir com floresta em pé, integrando diversidade de espécies, saberes tradicionais e inovação.

“Queremos mostrar na prática como a sociobioeconomia funciona, conectando as pessoas à história, aos saberes ancestrais, ao sabor e à importância do cacau nativo, tudo isso pertinho da capital”, destaca Tainah Fagundes, coordenadora de projetos e conselheira da ASSOBIO. Ela reforça que a experiência sensorial é fundamental para que o visitante compreenda o valor do produto e de toda a cadeia que o sustenta. “O chocolate regional que se produz ali é resultado de um sistema vivo, coletivo, afetivo e sustentável”, afirma.

O tour pela produção do chocolate amazônico foi comandado pela funcionária do Sítio da Cruz, Luana Machado, moradora de um quilombo no município de Mojú e produtora de chocolate artesanal, a experiência é também uma forma de valorização cultural. “A gente planta, colhe, torra, mói e transforma. Falar disso para outras pessoas é gratificante. Quando elas provam e gostam, dá orgulho”, destacou.

A engenheira agrônoma Claudiana Conceição, que participou da visita, destacou o valor do aprendizado prático. “Foi emocionante relembrar processos da minha infância e ver isso acontecendo dentro da cidade. Entender como a amêndoa vira chocolate, como tudo é aproveitado com respeito à natureza, faz a gente amar ainda mais a Amazônia”, relatou.

O estudante de Medicina Veterinária, Guilherme Francisco, também se surpreendeu com a diversidade do espaço. “Eu achei que veria só cacau, mas encontrei uma agrofloresta com outras espécies como cupuaçu, bacaba, e ainda descobri que o dono criou as próprias máquinas. É tudo feito com muito cuidado e criatividade”.

Outras ações para fortalecer a economia sustentável amazônica

O Sítio da Cruz é apenas um dos 11 roteiros planejados pela ASSOBIO até a COP 30, que será realizada pela primeira vez em uma cidade amazônica. “Todos os roteiros estão sendo pensados para mostrar a potência das cadeias produtivas da bioeconomia amazônica, sempre com foco na valorização das comunidades tradicionais, na inovação sustentável e na preservação ambiental. A floresta em pé pode, sim, gerar desenvolvimento para todos que vivem nela. Os roteiros mostram isso na prática. Têm sabor, têm história, têm técnica. E, sobretudo, têm gente. É uma resposta concreta à crise climática: produzir sem destruir, cuidar e partilhar os saberes da floresta com o mundo”, destaca Tainah Fagundes, coordenadora do projeto. A iniciativa conta também com o apoio do Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) e da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

Além dos roteiros temáticos, a ASSOBIO lançou, durante a Semana do Clima da Amazônia, a primeira vending machine com produtos da sociobioeconomia amazônica. Instalada inicialmente em frente ao Teatro Maria Sylvia Nunes, na Estação das Docas, em Belém, a máquina de vendas reúne cerca de 30 itens como chocolates, castanhas, cosméticos e acessórios produzidos de forma sustentável por empreendedores da região.

A iniciativa tem como objetivo aproximar o público - moradores e turistas - da diversidade e qualidade dos produtos amazônicos, promovendo o acesso facilitado e valorizando a produção local. Em breve, a máquina será transferida para outro ponto estratégico da cidade. Até outubro, novas unidades estarão espalhadas por Belém, levando um “pedacinho da Amazônia” a diferentes espaços da capital paraense.

Outra iniciativa que está sendo desenvolvida pela associação é a Vitrine ASSOBIO, um espaço itinerante de exposição e comercialização de produtos desenvolvidos pelos associados da rede, como gin com jambu, molho de tucupi, chocolates, granolas de tapioca, acessórios e cosméticos.

As ações fazem parte da estratégia da ASSOBIO para comunicar ao Brasil e ao mundo o valor econômico, ambiental e cultural da bioeconomia da floresta em pé. Por meio de experiências práticas, vitrines em eventos e integração com espaços públicos e privados, a associação busca tornar os produtos amazônicos mais acessíveis, reconhecidos e valorizados.

ASSOBIO

Formada por 132 associados em diferentes segmentos, a ASSOBIO é uma instituição representativa que visa promover pequenos e médios negócios dedicados à sócio-bioeconomia na Amazônia, integrando aspectos socioeconômicos e ambientais. Fundada com o objetivo de fomentar práticas empresariais responsáveis, busca conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do ecossistema amazônico e o bem-estar das comunidades locais. Atualmente, os empreendedores da ASSOBIO já monitoram seu impacto na região: somados, os 132 negócios da associação apoiam mais de 87 mil pessoas, espalhadas em 50 mil hectares por toda a Amazônia legal, onde a bioeconomia tem sido um caminho de renda e preservação.