Com 90% das obras concluídas, Belém se prepara para sediar maior evento climático da ONU

A capital paraense já vive o clima da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Com a COP30 marcada para novembro, Belém entrou em contagem regressiva e contabiliza os últimos ajustes para receber mais de 50 mil participantes de cerca de 200 países. Em visita oficial, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a vice-governadora Hana Ghassan e o prefeito Igor Normando percorreram, nesta semana, pontos estratégicos da cidade e reforçaram que a preparação vai além da conferência: trata-se de um projeto de transformação urbana e social.

Obras em ritmo acelerado

A comitiva visitou a chamada Blue Zone e a Green Zone, espaços que vão concentrar a programação oficial da COP30 no Parque da Cidade. As obras já estão 99% concluídas. Outro destaque foi a inspeção na Vila Líderes, estrutura que vai abrigar chefes de Estado e delegados de alto nível. O espaço está 90% pronto e, após o evento, será convertido em sede administrativa do governo estadual.

Rui Costa também vistoriou o Aeroporto Internacional de Belém, que passa por ampliação e modernização, com 95% da obra concluída, e o Terminal Portuário de Outeiro, que receberá dois navios de cruzeiro preparados para funcionar como hotéis flutuantes. A revitalização do complexo Porto Futuro 2, também praticamente finalizada, foi outro ponto destacado.

“Estamos diante de um esforço coletivo impressionante. Milhares de trabalhadores atuam todos os dias para que Belém entregue, em tempo recorde, obras que vão servir muito além da conferência”, afirmou o ministro, lembrando que a construção do porto em Outeiro foi concluída em apenas cinco meses, considerada um desafio de engenharia.

Hospedagem e cuidados com preços

De acordo com levantamento do Bureau da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Belém já dispõe de mais de 53 mil leitos. A oferta inclui hotéis da capital e região metropolitana, cabines em navios, além de hospedagem em plataformas digitais, como Airbnb e Booking.com.

O ministro fez um alerta sobre abusos de preços. Segundo ele, o teto estipulado pela plataforma oficial de hospedagem é de 600 dólares por diária. “Queremos que a imagem que Belém passe ao mundo seja de acolhimento, não de exploração. A COP30 é uma oportunidade única para mostrar a Amazônia ao planeta”, reforçou Rui Costa.

Legado estrutural e social

A vice-governadora Hana Ghassan destacou que a COP30 já deixa marcas profundas em Belém. Entre as obras estruturantes, estão a entrega da maior estação de tratamento de esgoto do Pará, projetos de macrodrenagem em áreas de alagamento, revitalização de ruas, parques e espaços públicos.

“Não estamos falando apenas de um evento de 15 dias. Essas obras estruturantes vão mudar a vida da população por décadas. Esse é o verdadeiro legado da COP30 para o povo paraense”, afirmou Hana.

Além das melhorias físicas, a vice-governadora ressaltou a preparação da mão de obra local. Mais de 30 mil pessoas foram qualificadas pelo programa Capacita COP30, com cursos voltados para turismo, gastronomia, idiomas, hotelaria e serviços. “Estamos investindo no futuro. Queremos que o turismo seja um dos grandes motores de geração de emprego e renda no Pará nos próximos anos”, destacou.

Prefeitura reforça protagonismo local

O prefeito Igor Normando também avaliou a preparação como um marco para a cidade. Segundo ele, a COP30 resgata a autoestima dos belenenses e projeta a capital paraense para o cenário internacional.

“Belém, por muito tempo, sofreu com invisibilidade e descaso. Hoje, a cidade amazônica se transforma em vitrine para o mundo, mostrando sua cultura, suas riquezas naturais e também seus desafios. Estamos trabalhando para que a população sinta orgulho da cidade antes, durante e depois da COP30”, declarou.

O gestor destacou ainda ações da prefeitura em áreas como saneamento, transporte e cultura, reforçando que a transformação urbana não vai se restringir ao período do evento.

Amazônia no centro do debate climático

A realização da COP30 em Belém tem um simbolismo especial: pela primeira vez, a conferência será realizada na Amazônia, região central para o enfrentamento das mudanças climáticas. A expectativa é que as negociações internacionais avancem em torno de compromissos para a redução de emissões de gases de efeito estufa e para a valorização da floresta em pé.

“Belém está pronta para receber o mundo e para mostrar que a Amazônia pode ser protagonista de um novo modelo de desenvolvimento sustentável”, afirmou Rui Costa.

Investimento histórico

Somente do Governo Federal, os investimentos ultrapassam R$ 4 bilhões. O montante abrange obras de infraestrutura urbana, requalificação viária, avanços ambientais, ampliação da rede de saneamento, modernização de equipamentos públicos e melhorias urbanas permanentes.

O esforço é visto como o maior conjunto de intervenções urbanísticas já realizado em Belém em tão pouco tempo.