Crianças e adolescentes expressam percepções e soluções para a crise do clima

Projeto estimula que escolas e comunidades promovam discussões e o resultado dessas reuniões será encaminhado à Presidência da COP30.

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 07:43

Mutirão de MINICOPs são uma oportunidade para que crianças e adolescentes possam opinar sobre as questões climáticas. 
Mutirão de MINICOPs são uma oportunidade para que crianças e adolescentes possam opinar sobre as questões climáticas.  Crédito: Instituto Alana

Com a intenção de envolver crianças e adolescentes nas pautas relacionadas às mudanças climáticas que serão discutidas na COP30, marcada para Belém, o Instituto Alana, organização da sociedade civil, propõe a realização de MiniCOPs em todo o país. Além disso, um edital será lançado na primeira semana de outubro pela Campeã de Alto Nível da COP30, Marcele Oliveira, para apoio a MiniCOPs pelo Brasil.

“Trata-se [as MiniCOPs] de uma verdadeira forma de mutirão pela ação climática, que mobiliza as comunidades desde a base e reconhece o papel transformador de crianças e adolescentes nesse processo”, explica Luciana Abade, coordenadora-geral de Mobilização da COP 30. Ela acredita que a metodologia, desenvolvida pelo Instituto Alana, pode inspirar outros países. “Inclusive já a compartilhamos com instituições de educação global, com o objetivo de que seja replicada em outras partes do mundo”, reforçou.

A proposta é criar espaços de participação genuína. “Precisamos proporcionar formas sensíveis de escutar e observar o que as crianças e os adolescentes têm a contribuir para a pauta climática. Eles são os mais impactados pelos efeitos climáticos e viverão mais tempo sob as decisões que tomamos agora. Ao mesmo tempo, eles têm direitos como cidadãos e podem trazer contribuições significativas para as negociações e, mais ainda, para a ação climática necessária para mudar o rumo do planeta”, afirma JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana e líder de COP na entidade.

O chamamento para que educadores e cuidadores mobilizassem crianças e adolescentes para as MiniCOPs foi feito em junho deste ano, mas ainda há tempo para que escolas, organizações ou comunidades promovam suas edições no formato que desejarem — rodas de conversa, debates, oficinas ou vivências. O objetivo é garantir que esse público faça parte da COP30, já que os resultados selecionados chegarão até a Presidência do evento.

Segundo JP, as escutas permitem captar o olhar de uma geração que já sofre as consequências da crise climática. “Cada pessoa tem sua história, seu ritmo, seu jeito de expressar e participar. E a participação se constrói a partir desse reconhecimento, de que ninguém precisa se encaixar para ser ouvido, nem se apagar para ser considerado”, acrescenta.

O Instituto Alana defende que crianças e adolescentes tenham acesso à informação, educação e formação sobre os temas que impactam suas vidas. Hoje, cerca de uma em cada três pessoas no mundo é criança ou adolescente, e 28% da população global tem até 14 anos, segundo a Divisão de População da ONU.

O dado mais alarmante, contudo, é que quase metade desse contingente - cerca de 1 bilhão de meninos e meninas - vive em países com alto risco climático e ambiental, de acordo com relatório do UNICEF. Estão expostos a enchentes, deslizamentos, ondas de calor e secas prolongadas, eventos cada vez mais frequentes e intensos. “Mas as crianças não são apenas vítimas desse problema que não ajudaram a criar. Elas podem e devem ter espaço e voz no enfrentamento às múltiplas crises que vivenciamos”, reforça JP.

As MiniCOPs são, portanto, uma oportunidade de conectar a infância e a juventude ao centro do debate climático, não só para refletir sobre as condições em que vivem, mas também para propor caminhos de transformação.